Benjamin foi adotado por casal francês em 1992 e quis conhecer sua origem
Há 26 anos, Benjamin Boutet, filho biológico de Neide Ferreira, então com três meses de idade, deixava o Pará com sua nova família, Michel e Catherine Boutet, após um processo de adoção internacional, tendo como destino uma pequena cidade francesa.
Michael e Catherine nunca esconderam de Benjamin a existência de uma mãe biológica, Neide Ferreira, e, a partir de uma certa idade do menino, sempre ofereceram a ele a oportunidade de conhecer sua família biológica no Brasil. “A decisão seria com ele”, contou Michael.
Benjamin, sua família, a namorada francesa, Lola, e a advogada Jaqueline Magaieski – que atuou na adoção em 1992 – visitaram hoje, 18 de setembro, a Corregedoria-Geral de Justiça do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).
Família veio ao Brasil conhecer as origens de Benjamin
Eles foram recebidos pelo corregedor-geral de justiça e presidente da CEJA, desembargador Saldanha da Fonseca; pela desembargadora superintendente da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJMG e integrante da CEJA, Valéria Rodrigues Queiroz; pela juíza auxiliar da Corregedoria, Lívia Lúcia Borba, e servidoras da CEJA.
O corregedor Saldanha da Fonseca recebeu as famílias na Corregedoria-Geral de Justiça
Catherine sempre achou normal o filho querer conhecer sua família biológica. O encontro também foi importante para ela e Michael, contou. Até que o contato fosse feito, ela teve um pouco de receio sobre a vontade de a mãe biológica de Benjamin reencontrar o filho.
Neide contou que “tirou um peso das costas”, sempre se sentiu angustiada com a situação. O destino do filho sempre a incomodava, diante de notícias de tráfico de criança e exploração sexual infantil. De presente a mãe biológica ganhou uma caixa com fotografias de Benjamin, desde o dia em que ele partiu de Belém.
Em 2015, a família foi ao Pará, mas não conseguiu encontrar Neide. Uma consulta à Justiça Eleitoral indicou que ela havia se mudado para Belo Horizonte, onde reside até hoje. O primeiro contato com a família biológica foi feito por Benjamin com a irmã Nathalia, por meio do Facebook.
“Essa reaproximação é importante, pois remonta ao passado, para saber das dificuldades vividas, e ver que hoje ele está bem, foi bem cuidado pelo casal que o adotou”, falou o corregedor Saldanha da Fonseca. Ele também disse que o encontro proporciona o conhecimento sobre a adoção internacional e uma renovação para as famílias.
A desembargadora Valéria Rodrigues Queiroz, integrante da CEJA há 15 anos, afirmou ter ficado sensibilizada com o encontro. Acontecimentos como esse, segundo ela, são gratificantes para quem atua na área da adoção internacional, amplia o conhecimento da população sobre o tema e desmistifica a adoção internacional.
A advogada Jaqueline Magaieski também destacou a importância de se desmistificar a adoção internacional. Ela contou que as famílias estrangeiras são bem receptivas aos encontros com as famílias biológicas. A advogada disse manter até hoje o mesmo telefone fixo em funcionamento, pois esse era o contato passado aos pais em adoções realizadas há mais de 30 anos. Sempre que pode, ela colabora com esses encontros.
Encontro de Benjamin com familiares biológicos foi acompanhado por equipe da Ceja
A coordenadora da CEJA, Liliane Gomes, contou que a comissão já foi acionada para facilitar esses encontros, mas nenhum se concretizou, por opção das partes. Ela também avaliou o encontro com gratificante e destacou a formação de uma grande família. Também participaram do encontro as psicólogas Cristiane Moreira e Alcione Teixeira, que atuam na CEJA.
Benjamin atualmente é lutator de box. O convício com a família brasileira durante a viagem é dividido com treinos diários do esporte. Ele e a namorada Lola pretendem se casar ano que vem.
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Fonte: TJMG