Com o pé no freio da Caixa, instituições privadas passam a oferecer crédito na linha Pró-Cotista, com juros mais baratos
RIO – A Caixa anunciou a suspensão de financiamentos imobiliários através da linha Pró-Cotista para aquisição de imóveis usados. A modalidade utiliza recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), oferece os juros mais baixos do mercado e só continua em operação no banco para compra de imóveis novos. Segundo a instituição financeira, o orçamento disponibilizado para a modalidade em 2018 chegou ao fim. Com o pé no freio da Caixa, Bradesco e Santander decidiram entrar no financiamento de imóveis com recursos do FGTS.
De acordo com a Caixa, o volume de recursos disponibilizados pelo Conselho Curador do FGTS para 2018 na linha Pró-Costista foi de R$ 3,5 Bilhões, sendo R$ 1,4 bilhão para imóveis usados e R$ 2,1 bilhão para imóveis novos. A Caixa garantiu que o estoque de processos em andamento será contemplado.
Ascensão de bancos privados
Os bancos privados alcançaram a liderança de mercado e têm apostado na redução de taxas, impulsionada pela Selic mais baixa, desburocratização de processos e diminuição de prazos para atrair clientes. O movimento foi encabeçado pelo Santander que, em julho do ano passado, deflagrou uma primeira rodada de cortes, chegando em 2018 a 8,99% ao ano nas operações do Sistema Financeiro de Habitação (SFH). Após reduções, o Bradesco trabalha agora com taxas a partir de 8,5%, e o Itaú, de 9% ao ano.
Para o presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), a Caixa passou a redirecionar sua carteira para projetos do programa “Minha Casa, Minha Vida”.
— O primeiro movimento é que a Caixa tem sido mais ativa no financiamento de imóveis de baixa renda e vem expandindo muito neste mercado. Em 2014, foram aplicados R$ 43 bilhões. O número chegou a R$ 59 bilhões, em 2017, e a projeção de orçamento para este ano é de R$ 70 bilhões — observa Gilberto Duarte de Abreu Filho, presidente da Abecip.
O Bradesco chegou à liderança na aquisição e construção de imóveis, segundo relatório dos indicadores de crédito imobiliário da Abecip, no primeiro semestre. Já o Santander, que aparece em segundo lugar do ranking de aquisições, começou a oferecer empréstimos para compra da casa própria por meio da linha Pró-Cotista. Atualmente, a Pró-Cotista é operada apenas por Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. O Bradesco informou que começará a operar a linha Pró-Cotista a partir de janeiro de 2019.
— Conseguimos reduzir em 25% o prazo de contratação do financiamento imobiliário nos últimos 12 meses. Nossa aposta agora é digitalizar todo processo de aquisição, possibilitando a utilização do celular até para envio de documentos do cliente. Somente no primeiro semestre deste ano, nosso crescimento foi de 70% no crédito imobiliário comparado com desempenho do mesmo período do ano passado — ressaltou Leandro Diniz, Diretor de Empréstimos e Financiamentos Bradesco.
Em maio, o Bradesco alcançou R$ 1,167 milhão com mais de 3.424 unidades. No ano, o volume de financiamento foi de R$ 4,913 milhões, com 17 mil unidades. Na linha Pró-cotista, Santander captou cerca de R$ 60 milhões e, neste primeiro momento, só serão contemplados imóveis de empreendimentos que já são financiados pelo próprio Santander.
— O Santander, no mercado de aquisição de imóveis, cresceu 160% primeiro semestre de 2018, em relação ao mesmo período de 2017. O banco espera manter um volume de concessões de R$ 850 milhões mensais este ano, e em pouco tempo chegar a um milhão de reais mensais para pessoa física — revela o superintendente de Negócios Imobiliários Santander, Fabrizio Ianelli.
O Itaú-Unibanco aumentou para 82% o percentual de financiamento do valor do imóvel para pessoa física e estuda também captar, no médio prazo, recursos para oferecer crédito na linha Pró-Cotista:
— Vamos estudar essa entrada na modalidade e observar o desenvolvimento dos sistemas para operar a concessão de crédito — destaca Cristiane Guimarães, diretora do Itaú Unibanco.
O volume de financiamentos para aquisição e construção de imóveis somou R$ 25,25 bilhões no primeiro trimestre, um avanço de 23% em comparação com mesmo período de 2017, segundo a Abecip. A projeção da entidade é encerrar 2018 com crescimento de 15% a 20% do volume de operações.
Fonte: O Globo