Notícias

04/04/2017

Centro de conciliação oferece oficina de pais e filhos na capital

Iniciativa tem o objetivo de proteger crianças e adolescentes de problemas emocionais ocasionados pelo divórcio

O Cejusc (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania) da Comarca de Belo Horizonte promoveu, nos dias 29 e 30 de março, oficina de parentalidade para casais que se separaram e têm de administrar a convivência entre eles e os filhos. O serviço é gratuito e é oferecido a recém-separados e a pessoas que queiram solucionar conflitos com antigos companheiros.

O encontro visa mostrar aos pais, de forma inovadora e educativa, a importância de poupar os filhos pequenos e adolescentes, protegê-los dos possíveis conflitos do fim do relacionamento e passar por um período de transição de forma mais harmoniosa. O curso é pensado para auxiliar pais e filhos a lidar melhor com o processo de divórcio e, assim, evitar os danos da alienação parental.

O juiz coordenador do Cejusc de Belo Horizonte, Renan Chaves Carreira Machado, avalia o curso de forma positiva. “Os participantes saem da oficina com outro espírito”, conta o magistrado. Para ele, a oficina leva os pais a compreender melhor o conflito. “A oficina empodera os envolvidos para que busquem uma solução”, diz o juiz.

As atividades do primeiro dia são destinadas aos pais, que são divididos em dois grupos, de modo que os ex-cônjuges fiquem em grupos distintos. No último dia, os filhos também participam do encontro. Essa organização foi pensada para que cada pessoa possa ter tranquilidade e liberdade para falar de si e dos sentimentos que permeiam esse momento delicado. As oficinas dos filhos são divididas por faixa etária, de 6 a 10 e de 11 a 17 anos.

No Cejusc de Belo Horizonte, o curso é conduzido por psicólogos e assistentes sociais capacitados em mediação de conflitos. O projeto faz parte da política de pacificação de conflitos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

Visão aprofundada

De acordo com a responsável por iniciar a proposta no Brasil, juíza Vanessa Aufiero da Rocha, do TJSC (Tribunal de Justiça de Santa Catarina), a oficina de parentalidade é fruto de uma reflexão sobre o verdadeiro papel do Poder Judiciário, não mais visto como mero implicador da lei, mas como um protagonista da cultura da paz, que busca a transformação qualitativa das relações humanas.

“Percebíamos que a decisão judicial, principalmente no âmbito familiar, muitas vezes não conseguia trazer estabilidade e harmonização para as famílias que procuravam a Justiça para a resolução de seus conflitos”, afirmou a magistrada, em entrevista para o TJSC, em 2016. Segundo ela, muitas vezes, a decisão resolve os conflitos jurídicos, mas não os conflitos psicoemocionais.

Foi em busca de algo mais que a magistrada trouxe para o Brasil o projeto sobre parentalidade, concebido nos Estados Unidos e no Canadá. Os resultados positivos da iniciativa logo chamaram a atenção do CNJ, que a adotou como política institucional. No TJMG, os Cejuscs, em parceria com as varas de família, cumprem a determinação do CNJ.

Transformação da experiência

Para Cleide Rocha de Andrade, coordenadora do setor de mediação do Cejusc-BH, a iniciativa dá às partes a oportunidade de conversar e resolver seus litígios de forma amena. “A proposta das oficinas é ajudar os pais e os filhos a superar essa fase de separação, lidar com a reorganização familiar e harmonizar o relacionamento entre eles. Assim, os filhos podem transitar mais tranquilamente entre as moradias dos genitores, tendo apoio emocional, econômico e social de ambos”, explica.

Também mediadora do Cejusc, Cleide justifica que as oficinas propiciam a troca de informação e a construção de um relacionamento baseado no respeito, contudo o aprendizado deve ser contínuo: “Os pais são conscientizados quanto à diferença entre questões conjugais e parentais. A relação entre pais e filhos é continuada e se estenderá por toda a vida dos filhos, ao contrário do casamento, que pode acabar”, explica. 
Quanto ao retorno por parte dos participantes, ela relata, com orgulho: “Muitas pessoas voltam comentando como a oficina os auxiliou a repensar o conflito e conciliar as informações recebidas durante as oficinas com as emoções”, ressalta.

O Cejusc da capital mineira fica na Avenida Francisco Sá, 1.409, Bairro Gutierrez. As oficinas de pais e filhos são mensais, gratuitas e abertas ao público com processos em tramitação ou não. Para se inscrever, o contato é pelo telefone 3253-2164 ou pelo e-mail cejuscbh.mediacao@tjmg.jus.br.

Fonte: TJMG


•  Veja outras notícias