O Conselho Nacional de Justiça aprovou, por unanimidade, resolução que determina aos cartórios alterar as causas das mortes, bem como lavrar os registros de óbito de pessoas desaparecidas durante a ditadura militar no Brasil, no período de 1964 a1985.
A medida busca garantir o direito à memória, à verdade e à reparação das violações de direitos humanos desse período.
As lavraturas e retificações dos assentos de óbitos serão baseadas nas informações constantes do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (CNV).
A comissão aponta 434 casos de mortes e desaparecimentos. Desses, apenas 10 tiveram os assentos de óbito corrigidos administrativamente.
Com a resolução aprovada, os cartórios de registro civil das pessoas naturais deverão incluir como causa da morte a informação: “não natural, violenta, causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964.”
A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) deve constar como atestante. A norma prevê a atualização dos registros mesmo na ausência de informações completas e garante a entrega das certidões de óbito às famílias e pessoas interessadas, de preferência em ocasião solene.
O processo será feito sem custos para as vítimas ou suas famílias e os cartórios serão ressarcidos pelos fundos de compensação locais. O Operador Nacional do Registro Civil de Pessoas Naturais (ONRCPN) remeterá a determinação do CNJ aos cartórios relacionados no relatório da CNV, que terão 30 dias para fazer as correções.
A recusa do cartório implicará em comunicação ao corregedor local para as providências cabíveis. A nova resolução tem amparo na Lei nº 9.140/1995, que reconhece como mortas as pessoas desaparecidas por participar, ou acusados de participar, em atividades políticas, no período de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979.
Fonte: CNJ