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12/08/2023

Clara Nunes completaria 81 anos: Serjus-Anoreg/MG homenageia mineira de Paraopeba que revolucionou o samba

Cantora morreu aos 40 anos, no auge do sucesso, após reação à anestesia em cirurgia de varizes

“Quem samba na beira do mar é sereia”... Sorriso marcante, cabelo esvoaçante, gingado no pé e fala empoderada à frente do seu tempo são algumas características da mulher sagaz que foi a saudosa cantora Clara Nunes. Mineira de Paraopeba (MG), que completaria 81 anos neste sábado (12/08), se foi muito nova, aos 40, deixando um legado de 16 discos gravados e contribuições sociais ao mostrar dança e tradições africanas e no empréstimo de sua voz para temas importantes, cujo canto será eternamente cintilante.

“Se vocês querem saber quem eu sou. Eu sou a tal mineira. Filha de Angola, de Ketu e Nagô. Não sou de brincadeira. Canto pelos sete cantos, não temo quebrantos porque eu sou guerreira”. Em estrofe da canção Guerreira, Clara se definia assim, sem vergonha de suas origens e sempre exaltando a fé que depositava em santos e religiões de raízes e matrizes africanas.

Clara Nunes fez história em vários cenários, um deles, ao se tornar a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil discos, vendeu mais de 4,5 milhões de discos ao longo da carreira. Seus shows sempre superavam as expectativas de público, além de ser uma das principais atrações nos programas de auditório, como do saudoso Chacrinha.

O que algumas pessoas não sabem é que mesmo com todo esse glamour que a mineira conquistou, Clara teve uma história de vida sofrida. Perdeu o pai aos dois anos, a mãe aos seis, e, segundo relatos no livro Clara Nunes: Guerreira da Utopia, de Fagner Fernandes, mudou-se para Belo Horizonte aos 15, após seu irmão matar seu ex-namorado que a intimidava por não aceitar o fim do relacionamento. Há quem diga que a busca por emprego também foi um dos motivos.

Sempre desejou os palcos, mas iniciou profissionalmente trabalhando em uma fábrica de tecidos. Depois conseguiu um emprego na Rádio Inconfidência, onde fez sua primeira gravação, não parando mais. Em 1965 mudou-se para o Rio de Janeiro, ficando mais próxima do mercado para deslanchar sua carreira.

Mineira de Caetanópolis ou Paraopeba?

Em seu registro de nascimento, cedido pelo Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais de Paraopeba (MG), Clara Francisca Gonçalves nasceu no distrito de Cedro, que à época pertencia ao município de Paraopeba - atualmente faz parte da cidade de Caetanópolis -, no dia 12 de agosto de 1942, às 12h. No entanto, a certidão foi lavrada no dia 26 de agosto do mesmo ano.

Ainda conforme o documento, era filha de Manoel Pereira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes. Tinha como avós paternos Antônio José de Araújo e Maria Pereira da Silva e avó materna Emília Gonçalves Nunes, o nome do avô materno não foi citado.

"Como substituto do Cartório de Registro Civil de Paraopeba, que possui em seu acervo o registro de nascimento da icônica Clara Nunes, me sinto honrado em preservar parte desse legado histórico. Ter em nosso acervo o registro de uma das maiores artistas do Brasil é, sem dúvida, motivo de orgulho e satisfação. No entanto, é importante ressaltar que cada registro que temos em nosso cartório é igualmente valioso. Cada cidadão que passa por aqui representa uma história única e especial. Através dos registros de nascimento, somos testemunhas do início de uma jornada, da formação de famílias e do crescimento de nossa comunidade”, ressaltou o substituto do Cartório de Registro Civil de Paraopeba, Saulo Zauza.  

Ele explica ainda que, embora seja significativo ter o registro de Clara Nunes no cartório, o maior orgulho que sente é de poder contribuir para a preservação da identidade e dos direitos civis de cada cidadão que os confia registrar seus momentos mais importantes. “O trabalho no cartório vai além do reconhecimento de figuras públicas; trata-se de um compromisso diário com a justiça e a cidadania. É gratificante saber que estamos desempenhando um papel fundamental na construção da história local e na garantia dos direitos fundamentais de todos os paraopebenses”.

“Tenha sonhos coloridos”

A voz de uma das maiores intérpretes da MPB foi silenciada, após complicações durante uma cirurgia para retirada de varizes, no dia 2 de abril de 1983, aos 40 anos, Clara Nunes se foi na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio.

Ela apresentou reação atípica a anestesia e teve uma súbita parada cardíaca, entrando em estado de coma, no sábado, dia 5 de março de 1983. A informação foi dada ao público somente na quarta-feira, causando comoção nacional.

A lendária Clara Nunes recebeu em sua homenagem um memorial, localizado na cidade de Caetanópolis, levando o nome da cantora e guarda cerca de 10 mil itens relacionados à sua carreira, entre documentos, fotos, figurinos, prêmios e lembranças de famílias.

“Tenha sonhos coloridos”: essa foi a última frase dita por Clara Nunes, antes da cirurgia, conforme relato do anestesista Américo Autran Filho.
 

Fonte: Assessoria de Comunicação Serjus-Anoreg/MG

 


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