A lei ganhou o apoio do movimento LGBT, bem como de várias organizações e entidades religiosas, embora muitos conservadores religiosos norte-americanos ainda se oponham ao casamento gay como contrário às escrituras bíblicas.
O presidente americano Joe Biden assinou nesta terça-feira (13) a lei que protege o casamento gay. Aprovado na semana passada pelo Congresso, o texto prevê o reconhecimento federal de casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
“Esta lei e o amor que ela defende desferem um golpe contra o ódio em todas as suas formas”, disse Biden no gramado sul da Casa Branca, diante um público de milhares de pessoas. “É por isso que esta lei é importante para todos os americanos.”
Legisladores de ambos os partidos estavam presentes, assim como a primeira-dama Jill Biden e a vice-presidente Kamala Harris e seu marido, Doug Emhoff. Os cantores Sam Smith e Cyndi Lauper se apresentaram.
“Pela primeira vez, nossas famílias, a minha e muitos de meus amigos – e pessoas que você conhece, às vezes seus vizinhos – podemos descansar tranquilos esta noite, porque nossas famílias são validadas (pela lei)”, disse Lauper antes da cerimônia.
O líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, usou na cerimônia a mesma gravata roxa que usou no casamento de sua filha. Sua filha e sua esposa estão esperando seu primeiro filho na primavera.
“Graças ao trabalho obstinado de muitos de meus colegas, meu neto viverá em um mundo que respeitará e honrará o casamento de suas mães”, disse Schumer no plenário do Senado pela manhã.
Biden criticou as “leis insensíveis e cínicas introduzidas nos estados visando crianças transgênero, aterrorizando famílias e criminalizando médicos que dão às crianças os cuidados de que precisam”.
“Racismo, antissemitismo, homofobia, transfobia, estão todos conectados”, disse Biden. “Mas o antídoto para o ódio é o amor.”
Medida preventiva
Em 2015, a Suprema Corte dos EUA legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em todo o país. Desde então, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é um direito constitucional.
No entanto, agora o perfil dos ministros da Corte é muito mais conservador, e os deputados temem que aquela decisão de 2015 seja anulada.
A corte já se mostrou disposta a reverter seus próprios precedentes, como fez em junho, quando anulou uma decisão histórica de 1973 que legalizava o aborto nos EUA.
Trâmite da lei de casamento entre pessoas do mesmo sexo
A votação na Câmara foi 258 a 169. Todos os democratas da casa votaram a favor da medida, e 39 republicanos também acompanharam o voto. Os contrários foram 169 republicanos.
A Lei do Respeito ao Casamento, como é chamada, já tinha sido aprovada pelo Senado no mês passado (o Partido Democrata domina o Senado).
A lei ganhou o apoio dos movimentos LGBTQIA+, e até mesmo organizações e entidades religiosas (incluindo A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias), embora muitos conservadores religiosos norte-americanos ainda se oponham ao casamento gay como contrário às escrituras bíblicas.
Agora, com essa lei, o governo federal e os Estados devem reconhecer os casamentos homossexuais, desde que sejam legais nos Estados onde foram realizados. O texto também faz concessões para grupos religiosos e instituições que não apoiam tais casamentos.
A medida revoga uma lei de 1996 chamada Lei de Defesa do Casamento, que, entre outras atribuições, negava benefícios federais a casais do mesmo sexo. Ela proíbe os Estados de rejeitar a validade de casamentos realizados fora de seus territórios com base em sexo, raça ou etnia. Em 1967, a Suprema Corte declarou a proibição do casamento interrracial inconstitucional.
As exceções da lei
Essa lei, no entanto, não impede os Estados de bloquear casamentos entre pessoas do mesmo sexo (ou interrraciais) se a Suprema Corte der aos Estados esse poder. O texto também garante que as entidades religiosas não podem ser forçadas a fornecer bens ou serviços para qualquer casamento e as protege de serem negadas o status de isenção de impostos ou outros benefícios por se recusarem a reconhecer casamentos do mesmo sexo.
Fonte: G1