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03/01/2014

Época é boa para investir na casa própria

Felipe Casarim e Marina Pimentel economizam parte dos salários para adquirir apartamento. 

Moradores do Conjunto Califórnia, na Região Noroeste de Belo Horizonte, a servidora pública Marina Pimentel Oliveira, de 28 anos, e o noivo, o administrador Felipe Casarim, de 29, vão subir ao altar da Igreja São José, no Centro da capital, em dezembro. Seguindo a máxima de “quem casa quer casa”, eles juntaram suas economias numa conta-poupança, a qual é abastecida, mensalmente, com parte do salário de ambos. Marina e Felipe planejam comprar um imóvel, de três quartos, com valor em torno de R$ 300 mil. A intenção é desembolsar R$ 100 mil de entrada e financiar o restante em mais ou menos 15 anos. 

Fora as preocupações inerentes ao planejamento financeiro e legais para a aquisição do imóvel, é preciso levar em consideração o momento da compra. E 2014, segundo Bráulio Quintino, especialista em mercado imobiliário e sócio-diretor da imobiliária RE/MAX Class, desponta como um período de boas oportunidades. Ele lembra a estabilização do próprio mercado, que resulta numa linha de preços estáveis e não mais crescentes. 

Se o momento é bom, é preciso lembrar que a compra de um imóvel gera sempre outros gastos. “As taxas, serviços e impostos ficam em torno de 4% a 4,5% do valor do imóvel. As despesas de avaliação e confecção de contrato (cobradas pela instituição financeira) ficam entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil”, afirma Adriana Magalhães, conselheira da Câmara do Mercado Imobiliário (CMI/Secovi-MG). Portanto, Marina e Felipe vão desembolsar de R$ 12 mil a R$ 12,5 mil. O que você precisa saber na aquisição de um imóvel é o tema da terceira reportagem da série 2014 bem planejado, que o EM publica desde 1º de janeiro. 

O tributo com a maior alíquota (2,5%) é o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis por Ato Oneroso “Inter Vivos” (ITBI), cobrado pelo município. Como planejam adquirir um imóvel em torno de R$ 300 mil, os noivos do Conjunto Califórnia precisam reservar cerca de R$ 7,5 mil para o ITBI. “O valor do registro pago ao cartório varia de acordo com a faixa de preço do imóvel. As despesas de avaliação e confecção de contrato (cobradas pela instituição financeira) ficam entre R$ 1 mil e R$ 1,5 mil“, acrescenta a conselheira da CMI/Secovi-MG. 

“Temos de planejar todos os gastos”, diz Marina, que visitou, na companhia do noivo, apartamentos nos bairros Castelo e Padre Eustáquio. “Queremos comprar o imóvel já pronto, pois temos receio de enfrentar problemas (com moradia) na planta”, conta a moça. Nesse caso, recomenda Marcelo Nogueira, diretor da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), é importante visitar a moradia em dias e horários alternados: “É preciso saber onde bate o sol, se há barulho e não se esqueça de procurar o síndico para saber se o condomínio está em dia“. 

A aquisição de imóveis usados, continua Nogueira, recomenda outras precauções: “A pessoa precisa ter certeza de que a documentação está correta, em outras palavras, a certidão negativa de ações cíveis, fiscais, criminais e trabalhistas. O comprador também precisa ficar atento à metragem do imóvel, pois à propagandas que anunciam, por exemplo, um ‘apê’ de 110 metros quadrados e, na verdade, o apartamento tem 90 metros quadrados e a garagem, 20 metros quadrados”. 

RISCO DISTANTE 

Com relação a uma possível bolha no mercado imobiliário brasileiro, Bráulio Quintino acredita que esse risco está descartado. “Existe temor em relação a bolha em razão ao que aconteceu nos Estados Unidos, mas lá se financiavam até 100% do valor do imóvel e as pessoas ficavam sem condição de pagar”, lembra. “Aqui o financiamento é feito com austeridade”, acrescenta. Entre as características de um período que antecede uma bolha imobiliária, ele lembra as quedas ou subidas expressivas nos preços e afirma que esse cenário não se repete no país de forma preocupante. 

No Brasil, assim como em Minas, ele explica que a subida de preços pode estar relacionada, entre outros fatores, aos altos custos de insumos, como terrenos, cada vez mais raros em função da mudança de parâmetros de uso e ocupação e do solo. O ingresso de investidores particulares, que não compram com a finalidade de moradia, também ajuda a justificar a volta de muitos empreendimentos ao mercado. “Ainda há espaço para concessão de descontos e existem no mercado imóveis que não tiveram suas vendas realizadas em 2009 e 2010 e hoje têm preços mais adequados”, reforça Quintino. 

Anderson Kury e a mulher, Luciana, fazem contas no apartamento comprado no momento certo O biólogo Anderson Kury aproveitou o momento de maior oferta para fechar o negócio que planeja há dois anos. Depois de alugar o seu apartamento no Bairro Castelo, para se mudar para mais perto do trabalho da esposa e da escola dos dois filhos, que fica na Região Centro-Sul, ele iniciou uma jornada em busca de um novo apartamento com três quartos e boa área de lazer. “Os preços baixaram um pouco. Olhei um apartamento de R$ 550 mil que hoje está R$ 480 mil”, diz. Já o imóvel pelo qual ele se interessou teve redução de R$ 60 mil no valor. 

Para não se endividar, o casal reuniu todas as economias e benefícios extras recebidos no trabalho para dar uma entrada de 35% do valor do imóvel. Para pagar o financiamento, a ideia é usar o aluguel do outro apartamento. “Esperamos que o aluguel cubra a parcela ou, no mínimo, 50% dela.” Para não comprometer a renda, o biólogo também levou em consideração, durante a compra, o valor do condomínio. “Não quero ficar preso a uma taxa de dois salários mínimos”, diz.


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