Por Joelson Sell
O sociólogo japonês Yoneji Masuda previu, ainda na década de 80, a chamada “sociedade da informação”, uma sociedade em que o peso do sistema econômico produtivo fosse cada vez mais centrado no fator informação, assim como os sistemas sociais anteriores foram caracterizados como sociedade caçadora, agrícola e industrial.
Quase 40 anos depois, as temáticas acerca da sociedade da informação evoluíram e hoje já se fala em viabilizar uma sociedade digital, na qual a desburocratização permita, aos cidadãos, acessar serviços públicos e privados da maneira mais simples possível.
Mas como fazer para viabilizar para toda população a infraestrutura adequada para armazenar tantas informações, como arquivos, documentos, fotos, vídeos, contatos e aplicativos?
Embora a pandemia tenha desencadeado uma crise sanitária por todo mundo, ela deu maior visibilidade e força ao trabalho remoto. Hoje, mais do que nunca, a opção de armazenar arquivos em nuvem se tornou essencial, permitindo o bom funcionamento de tecnologias digitais em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, desde que haja uma conexão estável com a internet.
Vale dizer que esses arquivos não ficam retidos localmente, ou seja, exclusivamente no seu computador ou smartphone, mas sim em data centers espalhados ao redor do mundo, também chamados de nuvem.
Segundo a analista global do mercado de tecnologia Canalys, um aumento na demanda por ferramentas de colaboração on-line, comércio eletrônico e serviços em nuvem para consumidores cresceu 34% durante a pandemia, sendo que o aumento vertiginoso fez o segmento faturar US$ 31 bilhões neste período. Estima-se que até 2023 o investimento em nuvem pública mais que dobrará.
Com a escalada do trabalho remoto ao redor do mundo, fica a pergunta: como escolher o melhor tipo de servidor para a sua empresa ou para o seu cartório?
Tecnicamente, pode-se dizer que um cloud server oferece a vantagem de reduzir o uso do espaço físico dentro da sua serventia bem como o custo de aquisição e manutenção de equipamentos. Enquanto um servidor dedicado garante a estabilidade de manter seus servidores onde você possa vê-los, seja em um data center próprio ou uma estrutura de terceiros contratada pela empresa, entretanto exige uma gestão de TI ativa, seja própria ou terceirizada
Quando comparamos os custos de investimento, a migração para a nuvem pode parecer mais em conta, entretanto, se considerarmos um alto volume de dados e arquivos armazenados, o custo do servidor dedicado pode ser vantajoso, se diluído ao longo do tempo. Além disso, há de se considerar o Provimento 74 do CNJ, que não trata com clareza o uso da nuvem para armazenamento do banco de dados das serventias, deixando essa matéria ainda por definir.
Ainda assim, a longo prazo, investir na adoção da computação em nuvem garante a escalabilidade de recursos para o seu negócio, proporcionando expandir os recursos tecnológicos e a capacidade de aumentar a quantidade de usuários em um sistema.
Outros benefícios do armazenamento de dados em nuvem são: aderência a normas de proteção de dados e segurança, como a LGPD; tolerância a falhas de datacenter; flexibilidade; serviços gerenciados e suporte.
Um relatório da Global Cloud Computing Scorecard estima que a computação em nuvem cresceu 35,5% em 2020 no Brasil, enquanto fez do país o maior investidor desse tipo de tecnologia de armazenamento na América Latina.
Definitivamente, o avanço da sociedade da informação para uma sociedade digital cria muitos desafios, porém cria, também, muitas oportunidades. E desses desafios parece estar bem encaminhado: o trabalho remoto pode contar com servidores em nuvem.
*Joelson Sell é um dos fundadores da Escriba Informatização Notarial e Registral, além de Diretor de Relações Institucionais da empresa.