Registros civis tiveram alta de 12,7% no Estado no primeiro trimestre deste ano; BH teve queda. Setor criou protocolos sanitários diante do grande volume de presentes
Em um dos momentos mais críticos da pandemia do coronavírus, o número de casamentos civis registrados nos cartórios de Minas Gerais, no primeiro trimestre de 2021, aumentou 12,78% em relação ao mesmo trimestre do ano passado. De janeiro a março deste ano, 19.740 casamentos foram realizados nos municípios mineiros, contra 17.503 uniões oficializadas no mesmo período de 2020, antes de começar a pandemia. Os dados são do Sindicato dos Oficiais de Registro Civil de Minas Gerais (Recivil).
Já em Belo Horizonte, há uma pequena queda de 4% nos registros de casamentos civis ao compararmos os três primeiros meses de 2021 – quando foram celebradas 1.776 uniões entre casais – com o mesmo período do ano passado, que teve 1.850 casamentos oficializados. Como a capital adotou mais medidas restritivas no período, os números divergem um pouco da média estadual, segundo a Recivil.
Alguns cartórios da capital mineira têm registrado aglomerações do lado de fora, momentos antes do início das celebrações presenciais. A reportagem de O TEMPO flagrou pessoas aglomeradas na porta do cartório do bairro Nova Suíça, na região Oeste, e no centro em diferentes dias da semana. Parece que os casais estão transformando o casamento civil em um evento para a toda a família.
De acordo com a diretora do Recivil, Letícia Franco Maculan, mesmo com a possibilidade de fazer um casamento virtual, os casais sempre tiveram preferência pelo presencial. “As pessoas gostam de ir ao cartório, tirar foto no dia do casamento. Voltamos a celebrar o casamento presencial, mas agora temos salas maiores, mais ventiladas e restringimos o número de convidados. Antes da pandemia, no cartório do Barreiro, por exemplo, tínhamos celebrações com 30, 40 convidados. Agora, deixamos só os noivos e as duas testemunhas participarem”, relata.
Ela ainda explica que, por causa da pandemia, os intervalos entre uma celebração e outra aumentaram de cinco para dez minutos, e o número de casamentos diários nos cartórios também foi reduzido para no máximo dez. “Hoje, todo serviço feito dentro do cartório precisa ser agendado, com exceção do registro de óbito. Se não tiver agendado, não entra. Para evitar aglomerações, quando as pessoas vão marcar um casamento, a gente orienta que o acesso à cerimônia é restrito e pede, por favor, que elas não tragam convidados além do permitido”, diz.
Questionada sobre as aglomerações presenciadas pela reportagem na entrada de alguns cartórios, Letícia diz que é difícil controlar as pessoas nas ruas, mas alguns funcionários dos cartórios costumam ficar na porta pedindo às pessoas que não se aglomerem ou dispersem, já que a cerimônia é restrita. “Mas a rua é pública, fica difícil controlar. Nós não temos o poder de polícia”, justifica.
Pandemia atrapalhou planos
Com pouco mais de um ano de antecedência, o policial Lucas Borges de Oliveira, 33, e a auxiliar administrativo Caroline Gonçalves de Oliveira, 26, programaram o casamento civil. O casal fez planos para oficializar a união no início de 2021, mas nem imaginava quen no mês seguinte após marcarem a data do casamento, uma pandemia chegaria ao país e duraria tanto tempo.
“Planejamos para nos casar no início de 2021. Em fevereiro do ano passado, conseguimos marcar o casamento para o dia 31 de março. Por ser um momento que fica marcado na nossa vida, a gente sonhava em ter a presença dos nossos parentes, principalmente dos nossos filhos, de 1 e 5 anos. Mas, tendo em vista a pandemia e o momento que estamos vivenciando, só levamos um padrinho e uma madrinha que foram as testemunhas do nosso casamento”, conta Lucas de Oliveira.
Lucas e Caroline se casaram no 2º Cartório de Registro Civil, no centro de Belo Horizonte. Ele diz que não chegou a perceber nenhum tipo de aglomeração na porta do cartório, onde, apesar das orientações de distanciamento social, havia algumas pessoas muito próximas das outras. “As pessoas estavam na porta com seus respectivos acompanhantes. Não vi ninguém orientando para manter o distanciamento porque acho que não houve necessidade”, diz.
Ao ser questionado se ele chegou a pensar no casamento virtual como alternativa para oficializar a união por causa da pandemia, Lucas afirma que nem imaginava que isso pudesse ser feito. “Já que não vou fazer festa para comemorar, pelo menos esse momento precisa ser presencial, mesmo sendo restrito a poucas pessoas, com todos os cuidados necessários”, disse.
Fonte: O Tempo