O
governo do estado do Rio de Janeiro impetrou uma ação no Supremo Tribunal
Federal (STF) que, se admitida, pode abrir caminho para o reconhecimento da
união entre pessoas do mesmo sexo no país. Até agora o Congresso não aprovou
lei alguma sobre os direitos dos homossexuais. Quem entrou com a ação foi o
próprio governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), alegando que o Estatuto
dos Servidores Civis do Rio pode ser “interpretado de maneira
discriminatória em relação aos homossexuais”.
O governo fluminense quer garantir aos parceiros de servidores o direito de
receber pensão, desde que comprovada a união estável. O caso está nas mãos
do ministro Carlos Ayres Britto, que ainda não tem data para apresentar seu
relatório.
Em 2006, ao julgar uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin), o
ministro Celso de Mello afirmou que a união homossexual deve ser reconhecida
como uma entidade familiar e não apenas como “sociedade de fato”.
A opinião do ministro foi explicitada quando o Supremo examinou a Adin
proposta pela Associação Parada do Orgulho Gay, que contestou a definição
legal de união estável descrita no Código Civil. O texto define união
estável como aquela “entre o homem e a mulher, configurada na convivência
pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família”.
Celso de Mello extinguiu o processo por razões técnicas, mas indicou que o
assunto deveria retornar ao STF por uma argüição de descumprimento de
preceito fundamental. O instrumento jurídico é utilizado para questionar,
entre outras coisas, a constitucionalidade de normas anteriores à
promulgação de uma Constituição.
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