Clésio Giovani
REPÓRTER
As grandes torcidas organizadas, principalmente de Atlético e Cruzeiro, só
terão acesso ao Mineirão a partir do momento que estiverem legalizadas,
registradas em cartórios de títulos e documentos, conforme exige o Código
Civil. Essa decisão foi tomada ontem na reunião extraordinária da Comissão
de Monitoramento da Violência em Eventos Esportivos e Culturais (Comoveec) e
está no novo termo de conduta proposto pelo Ministério Público (MP), que
deverá ser assinado no próximo dia 26 de março. Só depois, entrará em vigor.
Segundo o promotor de Defesa do Consumidor, José Antônio Baêta, as
associações que não se adequarem não poderão frequentar o Mineirão na
qualidade de torcidas organizadas. Outra decisão tomada durante a reunião é
que serão proibidas as aglomerações destas torcidas em locais que não forem
previamente estabelecidas pela Polícia Militar. “Aquelas concentrações que o
Estado entender como indevidas, poderão ser dispersadas”, afirmou o
representante do Ministério Público.
De acordo com ele, as concentrações são permitidas na Constituição Federal,
porém, para fins pacíficos. E nesses casos, das torcidas organizadas, está
confirmado historicamente que não são para esses fins. “Saem pelas ruas
provocando danos e arrastões”, constatou Baêta.
O promotor disse que as associações terão que ser legalizadas em cartórios e
apresentar seus atos constitutivos. Ou seja, terão que apresentar seus
representantes eleitos, após o cadastro de todos os seus membros, conforme
as exigências que estão sendo formuladas pela Comoveec, de comum acordo com
o Ministério Público, Polícia Militar e Polícia Civil.
Segundo Baêta, caso alguma torcida organizada desvirtue o seu objetivo,
praticando ou incentivando violência e tumultos, sofrerá medidas educativas.
Pode até mesmo ser banida do futebol. “Caso a torcida venha sendo
reiteradamente punida com medidas educativas, aí sim, pode se pensar numa
ação mais drástica que a dissolução da associação”, avisou o promotor
público.
Baêta ressaltou que não estão proibidas as bandeiras no estádio. “Isso,
desde que a conduta seja lícita”, ressaltou. Ele revelou um ponto positivo a
diminuição da violência dentro do estádio. Entretanto, do lado de fora a
situação continua preocupante, principalmente com a morte do torcedor do
Atlético no domingo passado, supostamente baleado por torcedores
cruzeirenses no Horto.
“Nos preocupa muito e há duas linhas de investigação. Uma é que não esteja
relacionada com as organizadas e outra que pode ter. Ainda é cedo para
conclusões”, declarou o representante do MP. Baêta considera que o autor dos
disparo, como o condutor da moto, “sejam extirpados o mais rápido possível
do convívio social”.
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