O presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Orlando Adão de Carvalho,
esteve na Assembléia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (28),
acompanhado de 19 desembargadores, para um encontro que reuniu o presidente
da Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), mais 13 deputados, entre
líderes e presidentes de comissões. Durante a reunião, os representantes do
Tribunal explicaram os critérios que o Judiciário adota para criação de
varas e comarcas no Estado. Orlando Adão fez um apelo aos deputados
presentes para que haja um diálogo permanente entre os dois Poderes enquanto
tramita na Assembléia o Projeto de Lei Complementar
(PLC) 26/07, que trata da organização e divisão judiciária do Estado.
O presidente do Tribunal também distribuiu um documento com números sobre a
entrada de processos em todas as varas e comarcas de Minas Gerais e também
sobre a quantidade de processos em estoque em cada uma delas. Segundo ele, o
principal critério para organização judiciária é a quantidade de processos
que entra em cada comarca. Cada vara deve receber pelo menos 140 por mês.
Havendo um número excessivo em estoque, o Tribunal deverá atuar em forma de
mutirão para dar andamento aos processos.
O presidente da ALMG, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), considerou
positivo o encontro. "Essa reunião foi muito esclarecedora, com certeza vai
nos ajudar na tramitação do projeto, para que o trabalho de divisão
judiciária seja feito da melhor forma possível", afirmou. Para ele, ficou
claro que a criação de varas e comarcas deve levar em consideração a
distribuição de processos. "Para o caso do acervo, do volume de processos
acumulados, a melhor solução parece ser mesmo o chamado choque de gestão -
um mutirão com equipe flexível para estar onde o problema estiver", disse,
em entrevista à imprensa.
Reivindicações - Em reunião realizada na última quinta-feira (23),
representantes da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) apresentaram
aos deputados uma pauta de reivindicações para serem incorporadas ao Projeto
de Lei Complementar (PLC) 26/07. Os juízes pedem também a ampliação do
número de comarcas de entrância especial, o pagamento de diárias e despesas
de transporte e a criação de cargos de assessor para todos os magistrados.
Na reunião desta quarta (28), o presidente do Tribunal de Justiça afirmou
que não tem condições de atender à todas as reivindicações dos juízes. "O
Tribunal não poderá atender porque não tem verba. É uma questão
orçamentária", explicou o desembargador à imprensa. Orlando Adão de Carvalho
também não concorda com o pedido de criação de gratificação para os
magistrados com acúmulo de funções. Segundo o desembargador, o aumento da
remuneração extrapolaria o teto salarial estabelecido para os juízes (R$
24,5 mil, conforme resolução do Conselho Nacional de Justiça). "Nós
conversamos com o deputados e pedimos que não aprovem. Não temos orçamento
para fazer esse pagamento", enfatizou.
A escassez de recursos pode comprometer inclusive a instalação das 210 novas
varas previstas no PLC 26/07. Segundo Orlando Adão de Carvalho, atualmente
existem 316 comarcas criadas por lei, mas apenas 294 estão instaladas. O
presidente do TJMG diz que devem ser instaladas em 2008 apenas 12 varas ou
comarcas. "Se instalarmos varas, não podemos instalar comarcas. Se
instalarmos comarcas, não podemos instalar varas", avisa. O PLC 26/07 prevê
também a criação de duas novas comarcas: Juatuba (Região Metropolitana de
Belo Horizonte) e Fronteira (Triângulo).
Presenças - Presidente Alberto Pinto Coelho (PP); deputados Mauri
Torres (PSDB); Sebastião Helvécio (PDT); Lafayette de Andrada (PSDB); Elmiro
Nascimento (DEM); Thiago Ulisses (PV); Luiz Humberto Carneiro (PSDB);
Agostinho Patrús Filho (PV); Adalclever Lopes (PMDB); Domingos Sávio (PSDB);
Dalmo Ribeiro (PSDB); Zé Maia (PSDB); Doutor Viana (DEM); e Gilberto Abramo
(PMDB).
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