Levantamento feito pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que fiscaliza as
serventias extrajudiciais (cartórios) em todo o país, revela que dos mais de
13 mil titulares no cargo, menos de 37% são concursados, conforme determina
a Constituição de 1988. Em Alagoas, esses números assustam ainda mais: dos
245 cartórios em todo o Estado, 214 estão vagos e devem ser preenchidos por
concurso de ingresso e remoção.
Para fazer um diagnóstico preciso e minucioso da situação das serventias
extrajudiciais em todo o Estado, o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ/AL)
nomeou uma comissão, composta por três magistrados, que iniciou um
recadastramento, entre maio e julho de 2007. Entretanto, até meados de julho
de 2008, a comissão realizou diversas diligências para solver problemas
cadastrais e finalizar o recadastramento dos notários e registradores que
ainda não haviam apresentado os documentos.
Atualmente, encontram-se em tramitação no Tribunal Pleno do TJ um
anteprojeto de lei que cria regras para a realização de concurso público
para preencher as vagas nos cartórios alagoanos, bem como o relatório
conclusivo da comissão. Os desembargadores tiveram oportunidade de analisar
minuciosamente todas as matérias e participar efetivamente, com vários
pedidos de vistas. A presidência do TJ/AL já encaminhou ofício à presidência
do CNJ informando da conclusão dos trabalhos e informando que o assunto deve
ser objeto de deliberação já nas próximas sessões plenárias.
Repercussão Nacional
O assunto voltou à tona com a tentativa da Câmara dos Deputados de aprovar
uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que efetiva no cargo todos
titulares dos cartórios que foram alçados à função há pelo menos cinco anos.
Estados como Rio de Janeiro, Maranhão, Paraná e São Paulo já iniciaram o
processo de seleção para preencher todas as vagas disponíveis.
Os cartórios são uma delegação do governo em que uma pessoa é responsável
por garantir a idoneidade de registros oficiais como os de bens imóveis,
nascimentos, casamentos, óbitos, procurações, testamentos, atas e
documentos.
O relatório oficial da comissão verificou que há 19 serventias oficializadas
em Alagoas, sendo que 8 destas já funcionavam desta forma e, em conformidade
com a legislação e 11 passaram a funcionar como oficializadas, uma vez que
foram estatizadas, embora não estivessem funcionando como tal. Seus
responsáveis devem responder a processos administrativos, criminais e civis,
inclusive pela apropriação indevida de valores que deveriam ser repassados
ao Fundo de Modernização do Poder Judiciário (Funjuris).
Regulamentação do concurso
De acordo com o anteprojeto de lei 3/2008, que regulamenta o concurso
público de ingresso e remoção referentes aos serviços notariais e registrais
em Alagoas, as serventias vagas serão preenchidas alternadamente, sendo duas
terças partes por concurso público de provas e títulos e uma terça parte por
meio de concurso público de remoção, no qual serão exigidas provas e
títulos.
O TJ/AL editará uma lista completa contendo a relação das serventias vagas,
classificadas por ordem da sua vacância e o faturamento médio de cada
expediente. O concurso será composto de prova escrita objetiva, prática, de
títulos e sindicância. Para concorrer às vagas, o candidato deve ser
bacharel no curso de Direito, comprovar conduta ilibada para o exercício da
delegação, ter no mínimo 18 anos e estar em dia com as obrigações eleitorais
e militares.
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