Bancada ruralista não quer pressa na votação do projeto na Câmara
Texto do Senado ainda precisa ser votado na Câmara, antes de ir a sanção.A
Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural vai
realizar, na próxima terça-feira (13), um debate entre os parlamentares,
para comparar o projeto que muda o Código Florestal
aprovado na Câmara com a proposta sobre o tema aprovada na última
terça-feira
no Senado. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) defende que o tema seja
melhor debatido na Câmara. Por isso, não quer pressa na votação da proposta
que muda o Código Florestal.
Foi Caiado quem pediu a realização do debate na Comissão de Agricultura. Ele
critica a proposta do Senado e defende que ela seja derrubada na votação que
ainda vai ocorrer na Câmara, para que siga para sanção presidencial o texto
elaborado pelo então deputado Aldo Rebelo, hoje ministro dos Esportes.
Caiado afirma que, caso entre em vigor o projeto do Senado, 85 milhões de
hectares de terras deixarão de ser produtivas.
"No projeto da Câmara, nós temos o seguinte: as áreas produtivas nós
aceitaremos como áreas consolidadas - elas continuarão produzindo. Isso faz
com que o produtor rural tenha uma garantia sobre as áreas que já estão
produzindo nesse País. O que o texto do Senado diz? Nas áreas que estão
produzindo, nós ainda vamos retirar, em áreas de preservação permanente,
mais em reserva legal, 85 milhões de hectares. Isso é um dado oficial do
Ministério da Agricultura", afirma o deputado da bancada ruralista.
“Ilegalidade”
Ronaldo Caiado diz ainda que os relatores do Código Florestal no Senado,
senadores Jorge Viana (PT-AC) e Luiz Henrique (PMDB-SC), impuseram aos
produtores rurais tantas exigências burocráticas que farão com que eles
fiquem na ilegalidade. O deputado acredita que apenas grandes grupos
empresariais vão conseguir atender às medidas aprovadas no Senado.
"Primeiro, pelo custo e o quanto onera o produtor. O produtor até 100
hectares tem um custo de todos os relatórios que tem a apresentar quanto a
inventários em torno de R$ 25 mil. Em segundo lugar: todos são obrigados a
assinar um TAC [Termo de Ajuste de Conduta], que já estão criminalizados, e
se aquelas áreas [de preservação ambiental] não forem recuperadas, as suas
propriedades imediatamente já estão confiscadas ou impedidas”, protesta o
deputado.
Confira chat realizado pela Agência Câmara sobre o Código Florestal
Na opinião do deputado João Paulo Lima (PT-PE), o relator do projeto na
Câmara, Aldo Rabelo, não conseguiu sintetizar os interesses da sociedade
civil, dos ruralistas e dos ambientalistas. Ele reconhece que os pequenos
produtores enfrentam grandes dificuldades, mas acredita que o texto aprovado
no Senado está de acordo com as novas exigências ambientais.
"Não podemos justificar a destruição do meio ambiente em função do pequeno
produtor. O Estado tem que assegurar essas condições. E essa é a posição, eu
acredito, mais moderna e mais socialmente aceita pelos ambientalistas do
mundo."
Íntegra da proposta:
PL-1876/1999
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