É conferido ao menor o direito a que seja acrescido ao seu nome o sobrenome
da mãe se, quando do registro de nascimento, apenas o sobrenome do pai havia
sido registrado. A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não
atendeu a recurso do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
e manteve a decisão de segunda instância que retificou o registro civil da
menor.
A menor, representada por sua mãe, propôs procedimento de jurisdição
voluntária de retificação de registro de nascimento, pedindo para
acrescentar ao seu nome o sobrenome materno, além de pretender a averbação
da alteração do sobrenome da mãe em decorrência de separação judicial, tudo
para facilitar a identificação da criança no meio social e familiar.
O pai da menor manifestou-se para informar que não se opõe à retificação do
registro de nascimento da filha, concordando com a inclusão do sobrenome da
ex-mulher.
Em primeira instância, os pedidos foram providos para retificar o registro
de nascimento da menor, passando a constar nele o sobrenome da mãe, bem como
o nome desta de solteira.
O MPDFT apelou da sentença. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios (TJDFT) negou a apelação. Para o TJ, não havendo óbice legal à
pretensão da menor, não restando evidenciado nos autos qualquer prejuízo a
terceiros e considerando-se que o registro civil deve corresponder à
realidade dos fatos, a averbação da alteração do sobrenome da mãe da menor,
bem como o seu próprio em seu registro de nascimento, deve ser deferida.
Inconformado, o MPDFT recorreu ao STJ sustentando que, no registro de
nascimento, os dados consignados devem atender à realidade da ocasião do
parto. Além disso, alegou que a retificação do registro somente é possível
quando nele há erro ou omissão.
Ao analisar a questão, a relatora, ministra Nancy Andrighi, destacou que não
há como negar a uma criança o direito de ter alterado seu registro de
nascimento para que dele conste o mais fiel retrato da sua identidade, sem
descurar do fato de que uma das expressões concretas do principio
fundamental da dignidade da pessoa humana é justamente ter direito ao nome,
nele compreendido o prenome e o nome de família.
A ministra ressaltou, ainda, que é admissível a alteração no registro de
nascimento do filho para a averbação do nome de sua mãe que, após separação
judicial, voltou a usar o nome de solteira. Para tanto, devem ser
preenchidos dois requisitos: justo motivo e inexistência de prejuízos para
terceiros.
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