O casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, a criminalização da homofobia
e a necessidade de atuação do Legislativo nessas questões estão entre os
temas que serão discutidos hoje no 8º Seminário LGBT, promovido pelo
Congresso. O evento será realizado durante as comemorações do Dia
Internacional de Luta contra a Homofobia.
Os debates, que também vão abordar políticas públicas LGBT e a imagem dos
LGBT na sociedade, serão realizados no auditório Nereu Ramos, a partir das 9
horas.
Confira a programação completa do seminário.
As discussões do evento, que tem como slogan "Quem ama tem o direito de
casar – Pela aprovação da PEC do Casamento Civil entre Homossexuais”, também
vão abordar os desdobramentos da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)
que reconheceu, no início do deste mês, a união estável em relacionamentos
homoafetivos. O objetivo dos militantes e envolvidos na causa é fazer com
que o direito ao casamento gay e as garantias decorrentes dessa união saiam
da esfera do Judiciário e ganhem força de lei.
O coordenador da Frente Parlamentar Mista pela Cidadania LGBT, deputado Jean
Wyllys (Psol-RJ) acredita que o seminário pode dar força à tramitação de
Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de sua autoria, que prevê o
casamento de pessoas do mesmo sexo.
"Trata-se de uma Proposta de Emenda à Constituição que eu elaborei e estou
colhendo assinaturas para poder iniciar a tramitação. É importantíssimo
pensar isso junto com os deputados da frente e com os movimentos sociais”,
afirma. Para apresentar a PEC são necessárias 171 assinaturas.
Decisão necessária
Para a vice-presidente da Comissão de Diversidade Sexual do Conselho Federal
da OAB, Adriana Galvão, o posicionamento do STF foi necessário exatamente
pela ausência de uma legislação que dê segurança jurídica às pessoas que
vivem uma relação homoafetiva. “A decisão foi um reflexo das cobranças da
sociedade e deve instigar o Legislativo a se manifestar”, avalia.
Segundo a advogada, o posicionamento do STF vai dar homogeneidade às
decisões em questões patrimoniais, previdenciárias e tributárias. Mas ela
lembra que a votação de uma lei sobre o assunto é importante para evitar
reviravoltas na aplicação efetiva da decisão do STF . “Nada impede que,
daqui a algum tempo, o STF seja provocado e se manifeste de forma diversa”,
pondera.
O presidente da Associação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais (ABGLT), Toni Reis, disse estar confiante quanto à disposição
dos parlamentares de avançar na votação de propostas que beneficiem os
homossexuais. “Em levantamento feito pelo jornal O Globo, 70% dos deputados
ouvidos disseram-se favoráveis à união civil estável dos gays. Acredito que
os parlamentares não vão ter medo de defender a causa”, avalia.
Organização
O seminário é organizado pela Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT do
Congresso Nacional e pelas comissões de Legislação Participativa; de
Educação e Cultura; e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos
Deputados. O evento, que conta com o apoio da Associação Brasileira de
Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), é aberto ao
público.
Participarão dos debates o ator Leonardo Miggiorin e as cantoras Preta Gil e
Wanessa, que abrirá o evento cantando o Hino Nacional, além de
representantes do governo e da sociedade civil. Entre os convidados
estrangeiros estão a deputada socialista portuguesa Ana Catarina Mendonça
Mendes; e o autor do livro “Matrimonio Igualitário”, Bruno Bimbi, integrante
da Federação Argentina de LGBTs.
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