“O sucesso foi bom demais. Estamos muito
satisfeitos com o trabalho” declarou o vice-presidente do Sindicato de
Trabalhadores Rurais (STR) de Pompéu (MG), Onestro Veloso. O dirigente
aprovou a ação conjunta que resultou na regularização da ocupação dos
lotes do Projeto de Assentamento (PA) 26 de Outubro, realizada entre os
dias 4 e 12 deste mês.
Resultado de denúncias de irregularidades no PA como venda de lotes,
crime ambiental e tráfico de drogas, a iniciativa possibilitou ao Incra
a reintegração da posse da área de reserva legal, que havia sido ocupada
por pessoas estranhas ao assentamento. Durante os oito dias de
intervenção, os técnicos do Incra também fizeram o levantamento dos
lotes com denúncias de irregularidades.
Os lotes com ocupação irregular terão o contrato de concessão de uso
rescindido e deverão ser repassados a outras famílias. A seleção dessas
famílias será feita em parceria com as lideranças de trabalhadores
rurais da região.
A ação, que garantiu a segurança de 145 trabalhadores rurais, foi
resultado de uma parceria da Superintendência Regional do Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Minas Gerais, do
Ministério Público Federal e Estadual, das polícias Federal, Militar e
Civil, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da
prefeitura de Pompéu.
“A intervenção no assentamento não teve nenhum problema de ordem nem
conflitos, principalmente em decorrência da aliança positiva firmada com
os diversos órgãos públicos. A operação também mostrou que é um modelo a
ser seguido e os trabalhos terão continuidade no próximo ano”, declarou
o superintendente regional do Incra em Minas Gerais, Marcos Helênio
Leoni Pena.
A delegada da Polícia Federal, Tatiana Alves Torres, também considera
muito benéfica uma ação sem confrontos, como foi o caso dos ocupantes da
área de reserva legal, que já haviam abandonado o local devido à
notificação expedida.
Segundo o secretário de governo de Pompéu, Jânio Maciel, a presença do
estado foi fundamental. “A professora da escola municipal situada no
assentamento relatou que os alunos ficaram muito satisfeitos e que estão
mais seguros. A operação teve um impacto positivo em toda a cidade”,
afirma Maciel.
Conjunção de esforços
“A integração dos órgãos foi positiva. Sou favorável a esses encontros
em ações futuras para defesa social”, declarou o tenente-coronel da
Polícia Militar de Minas Gerais, Alcides Raimundo. A Polícia Militar do
estado deslocou efetivo de diversos municípios para compor a equipe
formada por 152 servidores dos órgãos envolvidos. A operação policial
resultou na prisão de quatro pessoas e na apreensão de três carros, uma
moto e cinco armas de fogo. O delegado de Polícia Civil Edson Dias
declarou que esta foi uma experiência única na região.
A atuação do poder público no PA 26 de Outubro teve como origem
denúncias de práticas irregulares no assentamento recebidas pelo Incra.
Com o intuito de impedir essas práticas realizadas por pessoas estranhas
ao assentamento e garantir qualidade de vida e segurança dos
trabalhadores rurais, os órgãos públicos envolvidos agiram tendo como
base as diretrizes da Instrução Normativa (IN) 22.
O PA 26 de Outubro foi criado em 18 de janeiro de 1999, sendo dividido
em 145 parcelas para assentamento de famílias, oito áreas comunitárias e
quatro áreas de reserva. Com área de 5.348,87 hectares, o assentamento
originou-se da fazenda Olhos D'Água, desapropriada em 2 de setembro de
1998.
O que é a IN 22
A IN 22, publicada em 20 de outubro de 2005 no Diário Oficial da União
(DOU), estabelece diretrizes para a supervisão de Projetos de
Assentamento da reforma agrária, visando realizar um levantamento da
situação ocupacional do assentamento. O normativo estabelece
procedimentos que visam apurar irregularidades, identificar e
caracterizar as situações irregulares relativas à destinação das áreas
de reforma agrária para moralizar e sanear a ocupação e exploração de
parcelas dessas áreas.
Em decorrência da IN 22, a Superintendência Regional do Incra em Minas
Gerais vistoriou 15 PAs em 2006 e continuará no próximo ano a tomar as
medidas necessárias para garantir a qualidade de vida das famílias
assentadas.
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