O acervo fundiário brasileiro, que contém plantas e informações sobre
imóveis rurais em todo o País, está acessível a qualquer cidadão, pela
internet. A possibilidade foi aberta nesta segunda-feira (16/5) pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), responsável por
gerenciar o banco de dados.
O endereço
http://acervofundiario.incra.gov.br/i3geo é a porta de entrada para o
chamado Acervo Fundiário Digital. Ali são encontradas informações produzidas
pelo Incra sobre projetos de reforma agrária, imóveis rurais, glebas,
territórios quilombolas e faixas de fronteira. Parcerias com outras
instituições também permitiram a visualização de áreas de proteção
ambiental, sistema viário, hidrografia, limites políticos (estadual e
municipal), terras indígenas, títulos minerários, mapeamento sistemático e
imagens de satélite. Pelo portal do Incra na internet (www.incra.gov.br)
também é possível acessar o programa e baixar o tutorial de navegação.
O diretor de Ordenamento da Estrutura Fundiária do Incra, Richard Torsiano,
destaca que além de conferir mais visibilidade e ampliar o conhecimento
sobre o trabalho realizado pela autarquia, o novo instrumento traz
benefícios em múltiplas instâncias. "Toda a sociedade ganha, desde o cidadão
comum a órgãos de governo, instituições de ensino, entre outros, não somente
pela possibilidade de conhecer melhor a malha fundiária brasileira, como
utilizar os dados para planejar ações ou desenvolver pesquisas", aponta.
As
ferramentas presentes no sistema permitem ao usuário produzir, por
exemplo, mapas personalizados, a partir do cruzamento dos conteúdos
disponibilizados. O banco de dados também é dinâmico, ou seja,
permanentemente atualizado, tanto pelo Incra como pelas instituições que
"emprestam" parte dos seus acervos ao ambiente digital.
Um desses parceiros é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). O gerente de Microdados e Metadados da instituição, Hesley da Silva
Py, qualifica o trabalho como "excepcional". Para ele, a iniciativa é
interessante por dar visibilidade a algo que, se não é mostrado, não existe
para a sociedade. "Além disso, é uma ferramenta que permite muitas
possibilidades. As pessoas podem combinar dados e chegar a novos produtos.
Agregam valor em cima de algo que nem imaginavam que pudesse ser feito",
diz.
Ele acredita que a população já enxerga esses recursos de maneira diferente.
"Há um tempo os jornais apresentavam gráficos nas matérias, hoje, trabalham
em cima de um mapa. O GPS é algo que não tínhamos. A população começa a se
familiarizar com o uso do dado geoespacial e o serviço público não pode
deixar de disponibilizar essa informação e em um formato adequado para que
seja consumida", reitera.
Já a coordenadora geral de Geoprocessamento do Departamento Nacional de
Produção Mineral (DNPM), Sandra Pedrosa, cita o intercâmbio entre os órgãos
governamentais como um dos principais ganhos. "Assim podemos traçar
políticas públicas conjuntas. A idéia é que a troca de informações seja cada
vez maior para que não haja desperdício de investimentos de ambos os lados",
diz, ao citar, por exemplo, a possibilidade de checar se um assentamento tem
interferência em área que o DNPM esteja liberando para determinada pesquisa.
Desenvolvimento
O sistema foi desenvolvido pela Diretoria de Ordenamento da Estrutura
Fundiária do Incra, por meio da Coordenação Geral de Cartografia. Também fez
parte do processo de implementação o serviço de Cartografia da
Superintendência Regional do Incra no Maranhão. Para isso, a equipe utilizou
o software livre i3Geo, voltado à criação de mapas interativos e
disponibilizado pelo Ministério do Meio Ambiente.
Em um primeiro momento, em meados de 2009, o acesso foi disponibilizado a
servidores do Incra e a órgãos governamentais, para que o sistema fosse
aprimorado. A etapa permitiu, também, a incorporação de acervos de outras
instituições.
A Coordenação Geral de Cartografia do Incra disponibiliza, no ambiente
digital, um manual de utilização do aplicativo para que o usuário possa
usufruir de todas as funcionalidades do sistema.
|