A
bancada do PSDB promete se mobilizar para tentar derrubar dois vetos
presidenciais ao projeto de lei de conversão para a medida provisória que
criou o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Nesta semana, o líder
do PSDB, deputado José Aníbal (SP), conclamou, em Plenário, os deputados a
derrubarem os itens vetados.
A lei foi sancionada na terça-feira (7) com
três vetos: o que estendia os benefícios do programa para a compra de
lotes urbanizados, desde que a construção começasse em seis meses; o que
previa sorteio eletrônico público para a distribuição de casas destinadas a
famílias de baixa renda e o que flexibilizava as regras para a regularização
fundiária de condomínios de classe média no Distrito Federal. Com este
último veto, os tucanos concordam.
Transparência
Autor de uma das emendas vetadas, o deputado Fernando Chucre (PSDB-SP)
lamentou a retirada da possibilidade de financiamento de terrenos e
classificou como absurdo o veto ao sorteio público dos imóveis. Para ele, o
sorteio garantiria transparência ao processo, impedindo o uso eleitoreiro do
programa.
"É uma maneira de você não incentivar o clientelismo e nenhum tipo de
prática que a gente sabe que é comum ao governo do PT, que é utilizar
programas públicos para atender a companheirada, atender o pessoal ligado ao
partido ou aos prefeitos do partido", criticou Chucre
Operação do programa
O veto ao sorteio foi recomendado pelo Ministério das Cidades, por
considerar que ele dificultaria a operacionalização do programa, já que não
existem cadastros únicos municipais. Mas há uma ressalva de que o mecanismo
será regulamentado futuramente para garantir impessoalidade na seleção dos
beneficiários.
O Ministério da Fazenda foi contrário à concessão de incentivos à venda de
lotes, por não garantir um dos principais objetivos do sistema, que é gerar
empregos no setor da construção civil.
O Minha Casa, Minha Vida pretende construir um milhão de moradias para
famílias com renda de até dez salários mínimos. A regularização de
assentamentos em áreas de risco e favelas é prioridade no programa, que
prevê facilidades para tornar o processo mais ágil.
Condomínios do DF
Já o veto à emenda que beneficiava os condomínios do Distrito Federal foi
indicado pelas pastas da Justiça, do Meio Ambiente, das Cidades e do
Planejamento, que ressaltaram que o programa se destina à população de baixa
renda e que não se poderia beneficiar apenas uma unidade da federação.
O mesmo argumento foi usado pelo líder do governo, deputado Henrique Fontana
(PT-RS), à época da aprovação da matéria na Câmara. "Se nós temos o desafio
de regularizar terras em Brasília - e temos, o governo federal quer
regularizar - isso tem que ser feito dentro de um critério que não guarde
esse conjunto de vantagens oferecidas para a população de baixa renda",
sustenta.
Na avaliação do parlamentar, o risco é privilegiar famílias de alta renda
com um benefício que só deve ser concedido a famílias de baixa renda. "Nós
temos áreas públicas que não estão regularizadas em todos os estados
brasileiros", acrescenta.
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