A Câmara analisa o Projeto de Lei
1572/11, do deputado Vicente Candido (PT-SP), que institui um novo Código
Comercial, com o objetivo de sistematizar e atualizar a legislação sobre as
relações entre pessoas jurídicas.
A proposta do novo código trata, entre outros assuntos, da denominação
empresarial, de títulos eletrônicos e do comércio na internet. Um dos
principais pontos destacados pelo autor é a permissão para que toda a
documentação empresarial seja mantida em meio eletrônico, dispensando-se o
uso de papel.
“Isso supera lamentáveis lacunas na ordem jurídica nacional, entre as quais
avulta a inexistência de preceitos legais que confiram inquestionável
validade, eficácia e executividade à documentação eletrônica, possibilitando
ao empresário brasileiro que elimine toneladas de papel”, declarou Vicente
Candido.
O projeto de lei não reduz a obrigação legal da empresa e do empresário, nem
mesmo a dos sócios da sociedade empresarial, relacionada a consumidores e
trabalhadores. Também não altera as obrigações fiscais, de qualquer
natureza, das empresas e seus sócios. Ficam inalteradas ainda as obrigações
e responsabilidades ambientais e por abuso do poder econômico ou infração
contra a ordem econômica.
O texto conta com 670 artigos, divididos em cinco livros. O primeiro é uma
parte geral sobre a empresa; o segundo trata das sociedades empresariais; o
terceiro regula as obrigações dos empresários; o quarto aborda a crise da
empresa; e o quinto trata das disposições transitórias.
Obrigações
No campo das obrigações empresariais, além da previsão de prazos
prescricionais mais curtos, “necessários à segurança jurídica nas relações
empresariais”, segundo Vicente Candido, o projeto de Código Comercial
estabelece normas próprias para a constituição das obrigações entre
empresas, atentas à realidade das atividades econômicas.
Também disciplina os principais contratos empresariais, como a compra e
venda mercantil, o fornecimento, a distribuição, o fretamento de embarcações
e outros. “A reunião da disciplina destes negócios jurídicos num diploma
sistemático possibilitará maior previsibilidade nas decisões judiciais sobre
direitos e obrigações contratuais das empresas”, acredita o deputado de São
Paulo.
Convenção
Em relação ao direito cambiário, além da regulação dos títulos eletrônicos,
o projeto abrange o cumprimento de uma convenção internacional assinada pelo
Brasil na década de 1930 – a Convenção de Genebra para a adoção de uma lei
uniforme sobre Letra de Câmbio e Nota Promissória.
“Até hoje, essa lei não foi introduzida regularmente no direito nacional,
sendo matéria precariamente disciplinada por mero decreto do Poder
Executivo, baixado em 1966”, declarou o deputado. Outros títulos como a
duplicata, warrant e o conhecimento de depósito também são contemplados.
Direito civil
Atualmente, o direito empresarial brasileiro é disciplinado em sua maior
parte pelo Código Civil, que trata também de questões privadas envolvendo
pessoas físicas. Há outras questões relacionadas às empresas que são
reguladas por leis específicas – como a das Sociedades Anônimas (6.404/76),
a de Falências (11.101/05) e a dos Títulos de Crédito (6.840/80), que não
são revogadas pela proposta. Já a Lei de Duplicatas (5.474/68) seria
revogada.
O antigo Código Comercial, de 1850, permaneceu em vigor durante muito tempo.
Como ele se tornou defasado, teve sua maior parte revogada em 2003, quando
entrou em vigor o novo Código Civil. Do antigo Código Comercial restaram
somente artigos sobre direito marítimo.
O deputado justifica a necessidade de criar um código específico com o fato
de a Constituição considerar o direito comercial uma área distinta do
direito civil. “Revela-se, assim, mais compatível com a ordem constitucional
a existência de um código próprio para o direito comercial, e não a inclusão
da matéria dessa área jurídica no bojo do Código Civil”, declarou. “De
qualquer modo, a dispersão legislativa atual tem impedido, para grande
prejuízo da economia brasileira, o tratamento sistemático das relações de
direito comercial”.
Tramitação
O projeto vai ser analisado por uma comissão especial e pelo Plenário.
Íntegra da proposta:
PL-1572/2011
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