Em Maio de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu reconhecer a união
homoafetiva estável como unidade familiar. Quase um ano depois, a Justiça de
Manhuaçu autorizou um casal do mesmo sexo a se casar no cartório de registro
civil da cidade. É a primeira decisão do tipo no estado e vai ser
oficializada com o casamento de Wanderson e Rodrigo, nesta quinta-feira, 22,
às 10 horas.
Segundo o Juiz Walteir José da Silva, a decisão dele acompanha o
posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) reconhecendo a união
estável de pessoas do mesmo sexo como uma unidade familiar. "Era
estabelecido antes que a entidade familiar era a união entre homem e mulher
e filhos. Isso foi flexibilizado ao longo dos anos e reconheceu que pai e
filho, mãe e filho, avó e netos juntos, são unidades familiares. Agora, por
último, flexibilizou mais ainda, ao reconhecer duas pessoas do mesmo sexo
como unidade familiar. Ele abriu então a possibilidade do casamento",
argumenta.
Dr. Walteir explica que a Constituição determina que o Estado incentivará a
conversão da união estável em casamento. "Passou-se então à discussão, pois
se o homem e a mulher podem se casar a qualquer momento, não se pode tratar
de forma diferente as pessoas do mesmo sexo. Agora, eu decidi, dentro do que
a lei prevê, autorizar a possibilidade do casamento direto entre duas
pessoas do mesmo sexo".
O Ministério Público se posicionou contrário, mas também admitiu que não
deve recorrer. "Quando veio para eu analisar, decidi dentro do que a lei
determina. O STF entendeu que é possível e assim autorizamos o primeiro
casamento gay em Manhuaçu e, pelo que sei, a primeira decisão no estado de
Minas Gerais".
Ele salientou que não se trata de uma questão de religião ou de Igreja. É
uma autorização para o casamento no registro civil.
Segundo o juiz, a mudança é pequena em relação a união estável.
"Basicamente, o casamento amplia alguns direitos. Na ótica da Justiça, em
resumo, será um casamento como outro qualquer", afirma.
A decisão abre caminhos também para agilizar e facilitar o processo. Os
cartórios da Comarca de Manhuaçu, a partir disso, já poderão adotar os
procedimentos, sem a necessidade de consulta para autorização do Judiciário.
ADOÇÃO
Dr. Walteir José da Silva ainda comentou a questão da adoção por casais do
mesmo sexo. "Já existem decisões nesse sentido em várias cidades no Brasil.
A tendência é que isso aconteça, já que o STF decidiu que é uma unidade
familiar do mesmo jeito que a adoção por casais heterossexuais.
Independentemente da questão de gênero, tem que se buscar é o bem estar da
criança adotada", afirmou.
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