Excelentíssimas autoridades já nominadas pelo protocolo, caros colegas,
minhas senhoras e meus senhores.
Depois de 29 anos, Porto Alegre, a capital dos gaúchos, volta a ser sede
de mais um Encontro do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil,
agora com uma diferença, serão três eventos num só.
1. XXXIII Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil, que
reúne registradores brasileiros e estrangeiros, profissionais e
estudiosos do Direito imobiliário, para um grande intercâmbio
internacional de conhecimentos.
2. I Seminário Luso-brasileiro de Direito Registral, cujo objetivo é o
aprimoramento dos conhecimentos sobre os sistemas registrais brasileiro
e português, em especial as constrições judiciais: penhora, arresto,
seqüestro e indisponibilidade de bens.
3. Exposição RI – 160 anos bem registrados, para comemorar a
criação do registro de imóveis no Brasil, com o advento da Lei
Orçamentária 317, de 21 de outubro de 1843, regulamentada pelo decreto
482 de 14 de novembro de 1846.
O que queremos transmitir com esses eventos é a importância do registro
imobiliário para a sociedade.
No âmbito socioeconômico, a relevância do registro está na regularização
fundiária. No Brasil, cerca de 50% dos imóveis estão na clandestinidade,
o que não contribui para o desenvolvimento do país, uma vez que imóvel
imatriculado não outorga dignidade ao ser humano, não permite o
registro de sua propriedade, não lhe traz segurança, além de não gerar
riquezas e desenvolvimento econômico para o país, proporcionado por
rápido acesso rápido ao crédito e geração de impostos.
Mecanismos legais para isso já temos. Basta o trabalho conjunto dos
entes públicos, mediante a integração dos poderes Legislativo, Executivo
e Judiciário, Ministério Público, registradores, notários e todos os
demais interessados. De nada adianta o governo lançar medidas de
incentivo para o crédito imobiliário se não existe mercadoria
disponível, ou seja, imóveis matriculados.
Desejo a todos que aproveitem ao máximo este grande evento,
especialmente idealizado para os registradores imobiliários e para os
demais profissionais do Direito. De 16 a 21 de setembro, Porto Alegre
será a capital nacional do registro da propriedade imobiliária.
Agradeço a todas as entidades apoiadoras, que contribuíram sobremaneira
para este encontro, bem como ao eminente colega, doutor Oly Érico da
Costa Fachin, um exemplo para os registradores prediais brasileiros.
Sejam bem-vindos, queridos amigos.
Sejam felizes e saibam que o Rio Grande do Sul os recebe de braços
abertos.
Para encerrar, deixo a citação de Sidonie Colette: “só fazemos bem
aquilo de que gostamos. (...) De que serve a aplicação onde é preciso a
inspiração”.
“Em tive um sonho de mudanças. Um sonho de renovação” – Sérgio Jacomino
Prezadas senhoras, prezados senhores,
Boa noite!
Bem-vindos ao XXXIII Encontro dos Oficiais de Registro de Imóveis do
Brasil.
Uma vez que a programação dos três eventos simultâneos já contempla, em
sua vasta e bem elaborada agenda, temas de caráter técnico, razão de
nossa presença aqui, pretendo falar um pouco sobre o passado recente e
os desafios que decidimos enfrentar, ao lado dos meus colegas dirigentes
do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil, ao assumir a presidência
da instituição.
Porém, não poderia deixar de, antes, saudar os participantes que aqui
residem, assim como a todos os demais presentes, dizendo-lhes do nosso
prazer ao rever Porto Alegre, cidade-capital de um dos estados
brasileiros mais desenvolvidos e conhecidos, não só por sua privilegiada
geografia, por seus atributos socioeconômicos e culturais, mas,
principalmente, pela generosa hospitalidade, característica do seu povo,
reconhecida por todos que visitam o Rio Grande, como turistas ou a
trabalho.
Aos gaúchos, portanto, nosso abraço fraterno e nossa gratidão pela
acolhida que tanto nos honra.
Ao iniciar este discurso, perante tão seleta, e internacional audiência,
quero ressaltar que o faço a exatos 61 dias da comemoração dos 160 anos
de existência do Registro de Imóveis no Brasil, fato ilustrado neste
encontro com uma oportuna e histórica exposição. Como marco histórico,
reportamo-nos ao início de uma prática pioneira, que guardamos com o
devido zelo e a mais plena consciência de sua histórica importância.
Para todos nós, que compreendemos a indispensável importância da nossa
Instituição para a Nação e o Estado brasileiros, em áreas as mais
diversas, entre as quais ressalto a geração de emprego e renda, fruto de
um permanente e árduo trabalho para viabilizar a regularização jurídica
dos imóveis brasileiros
Autor que dispensa apresentações, o jurista peruano Hernando de Soto
afirma, com a sabedoria, a objetividade e a simplicidade típicas dos
grandes estudiosos, que “(...) os imóveis somente são geradores de
riqueza para o país se estiverem regularizados. Na clandestinidade
jurídica eles não contribuem para promover o progresso e a geração de
emprego e renda...”
Portanto, para nós, conscientes que somos da importância histórica que o
Instituto de Registro Imobiliário do Brasil representa para o país, cabe
refletir e agir sobre esse fato, com dedicação e elevado espírito
público, para que o Instituto, que sempre foi, torne-se, cada vez mais,
conhecido e reconhecido como a verdadeira casa do registrador
brasileiro.
Para nós, que temos plena consciência dos enormes esforços empreendidos
pelos seus ilustres fundadores, em 1974, é de máxima urgência que,
diante do avanço tecnológico e das várias necessidades por ele geradas,
especialmente na última década, envidemos todos os esforços e nosso
máximo empenho para adequarmo-nos a essa evolução.
É impossível falar do nosso Instituto sem deixar transparecer o sadio
orgulho que cultivamos por tudo aquilo que foi feito pelos dignos e
dedicados registradores que nos precederam. Todos os membros do novo
quadro diretor têm conhecimento dos muitos e variados obstáculos que foi
preciso enfrentar.
Sabemos que todos foram, literalmente, audaciosos desbravadores.
Sabemos que, sem sua dedicação e perseverança, hoje não estaríamos aqui.
Da mesma forma, é impossível, hoje, falar do Instituto de Registro
Imobiliário do Brasil sem listar tantas e tão urgentes necessidades,
para adequarmo-nos aos novos tempos e às suas conseqüentes exigências.
A sede do nosso Instituto funciona, atualmente, em três pequenas salas –
uma própria e duas alugadas – que, juntas, não somam 80 metros
quadrados. Tal fato impede-nos de proporcionar aos colegas, usuários,
convidados e visitantes, um atendimento minimamente confortável; uma
recepção que possamos, sequer, qualificar como digna da grandeza do IRIB.
Precisamos de uma nova sede. No mesmo local, já identificamos uma
oportunidade para adquirir salas que satisfaçam as necessidades de
todos. Refiro-me ao Conjunto Nacional, localizado na Avenida Paulista,
dois ícones de São Paulo, uma das cinco maiores metrópoles do mundo.
Nossa primeira intenção é modernizar o Instituto. Equipá-lo, mobiliá-lo
e municiá-lo, assim como aos registradores, com ferramentas fiscais e
legais condizentes com a qualidade, e agilidade, da atual demanda. E que
permitam deixar fluir, de forma natural, simultânea, e eficaz, a
evolução, tanto tecnológica quanto jurídica, que nos permitirá
contribuir, efetivamente, para o desenvolvimento e progresso do país.
É necessário, e urgente, que trabalhemos com a maior agilidade possível
para a regularização jurídica dos imóveis brasileiros. Não menos
importante, é a nossa interação com os poderes constituídos. Estreitar
nossas relações com o Judiciário, o Legislativo, e o Executivo é uma de
nossas prioridades.
A inclusão digital, por exemplo, é uma realidade em vários setores das
áreas públicas e privadas do país. É da maior importância que o sistema
registral brasileiro acompanhe essa evolução.
Merece destaque o fato de que o Instituto de Registro Imobiliário do
Brasil passou a dialogar com os poderes constituídos e com as
instituições representativas dos principais setores econômicos do país,
colaborando, de forma construtiva e decisiva, para a modernização da
Legislação e a remoção dos entraves jurídicos que impedem a efetiva
circulação da riqueza representada pelos ativos imobiliários.
Quanto mais rápida e juridicamente seguras forem as transações
imobiliárias em nosso país, menor será seu custo e maior a geração de
riqueza para o Brasil.
Nosso Instituto tem participado ativamente da formatação de soluções de
padronização normativa em todo o país, para evitar que casos idênticos
venham a ser tratados de forma diferente em cada estado ou comarca. Uma
correta padronização procedimental irá gerar a simplificação documental
que, por sua vez, produzirá a redução dos custos financeiros que
envolvem os processos de financiamentos imobiliários.
Um passo importante já foi dado com a parceria firmada entre nosso
Instituto e a Associação dos Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp),
que abre caminho para a extensão do sistema de registro eletrônico para
todo o Brasil.
Respaldado pela MP 2.200-2/01, o sistema de ofício eletrônico foi
desenvolvido para atender à demanda de informações registrais feitas por
diversos órgãos do poder público. Para se ter uma idéia, somente em São
Paulo, são feitas, diariamente, milhares de solicitações de certidões. A
base de dados do sistema Arisp/IRIB contém os CPFs e CNPJs de
proprietários, ex-proprietários e titulares de direitos de
imóveis registrados a partir de 1976.
Por meio do ofício eletrônico, mediante o uso de certificação digital
ICP-Brasil, o juiz trabalhista, por exemplo, poderá solicitar as
certidões referentes ao devedor-executado e obtê-las num prazo máximo de
cinco dias.
Em entrevista à Imprensa, o presidente da Associação dos Registradores
Imobiliários de São Paulo, Flauzilino Araújo dos Santos, discorreu com
otimismo sobre o convênio firmado com nosso Instituto:
"Trata-se da criação de um Centro de Serviços
Eletrônicos Compartilhados, que tem por objetivo oferecer, às entidades
públicas e privadas, informações eficientes, rápidas e seguras sobre os
processos registrais".
Ao referir-se, mais detalhadamente, ao projeto em desenvolvimento,
resultante do Convênio firmado com o TRT-SP, explicou:
"O Ofício Eletrônico vai simplificar e agilizar os processos de execução
do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), uma vez que o sistema oferece
verificação instantânea da informação, além de proporcionar economia no
consumo de papel e redução de gastos com envelopes e remessas".
"O juiz trabalhista saberá, em tempo real, se determinado devedor possui
ou não bens registrados em um dos dezoito cartórios de registro de
imóveis da capital. Em caso positivo, a certidão eletrônica será
remetida ao tribunal no prazo máximo legal de cinco dias".
Por sua vez, os juizes do TRT da 2ª Região receberão o devido
treinamento para operar o sistema e serão cadastrados para utilizá-lo
como suporte nas execuções trabalhistas.
Com a integração eletrônica e a simplificação e padronização
procedimental, o “risco bancário” diminuirá sensivelmente, fomentando o
aumento na demanda e nos financiamentos, criando-se, assim, um autêntico
e promissor círculo virtuoso!
Nós, dirigentes do Instituto de Registro Imobiliário do Brasil, eleitos
para o triênio a encerrar-se em 2009, temos plena consciência de que
abraçamos uma tarefa de grandes dimensões, cujo sucesso depende do
esforço, dedicação e permanente empenho de cada um de nós.
A causa é nobre e a tarefa não menos: contribuir para o desenvolvimento
da economia do país graças ao incremento da atividade imobiliária!
Que Deus continue a nos ajudar. Que cada registrador caminhe conosco,
disposto a construir um futuro digno, justo e próspero, sem abandonar a
esperança e a certeza de que um outro Brasil é possível!
Sem jamais esquecer que o Instituto de Registro Imobiliário do Brasil
é a casa do registrador brasileiro.
Grato pela atenção.
Boa noite.
Ao encerrar seu discurso, o presidente Helvécio Castello pediu licença
para dar um último recado
“O Sérgio sonhou com o registro. Esse sonho de realização que ele teve
está se tornando realidade.
E para felicidade de todos nós, para minha felicidade pessoal, nosso
ex-presidente Sérgio Jacomino continuará no Instituto de Registro
Imobiliário do Brasil, para fazer aquilo que ele sempre soube fazer com
maestria, a coordenação editorial, científica, literária, e,
principalmente, as relações internacionais do IRIB com o Cinder, com o
Comitê Latino-americano, com tantas quantas sejam as necessidades
internacionais e se voltem para o aperfeiçoamento do sistema registral,
com o incremento da segurança jurídica, rapidez, agilidade e
simplificação, que é a mola propulsora do desenvolvimento. É preciso que
façamos com que os ativos imobiliários passem a produzir riqueza, passem
a gerar emprego e renda. Muito obrigado.”
Hino do Rio Grande do Sul encerra a cerimônia
A platéia foi convidada a ouvir o hino rio-grandense com a cantora
Fátima Gimenez, que foi acompanhada com entusiasmo patriótico pelos
gaúchos, o que encantou e emocionou os congressistas.
A seguir, foi oferecido um coquetel de recepção para a confraternização
de todos os colegas e demais participantes do XXXIII Encontro dos
Oficiais de Registro de Imóveis do Brasil.