Está em exame na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), em
caráter terminativo, projeto que determina ao titular do Cartório de
Registro Civil de Pessoas Naturais que utilize a Internet para remeter ao
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) registro dos óbitos ocorridos a
cada mês. O projeto (PLS
245/07), que altera a Lei 8.212/91, deverá ser analisado também pela
Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
De acordo com a proposta, nas localidades que dispõem de provedores de
Internet, o titular do cartório deverá utilizar-se desse meio para enviar ao
INSS as informações sobre os óbitos. Pelo projeto, os cartórios terão prazo
de 12 meses para se adaptar às novas disposições legais.
Na justificativa da proposta, o autor, senador Renato Casagrande
(PSB-ES),argumenta que a falha dos cartórios em enviar essas informações ao
INSS tem contribuído para o déficit financeiro do sistema previdenciário.
Somente em 2003, os cofres públicos tiveram prejuízo de R$ 3,21 bilhões com
o pagamento de benefícios irregulares. Esse valor representa 3% dos R$ 107
bilhões gastos com benefícios naquele ano, recursos esses que, conforme o
parlamentar, poderiam ser utilizados para diminuir o déficit previdenciário
ou aplicados em saúde e educação.
Para minorar essa situação, o então ministro da Previdência no primeiro
mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Berzoini, recordou
Casagrande, promoveu o recadastramento de aposentados com mais de 90 anos e,
para coibir as fraudes, bloqueou os benefícios de aposentados e pensionistas
que recebiam benefícios há mais de 30 anos e daqueles com mais de 100 anos
de idade. À época a determinação foi muito criticada por ter obrigado os
mais de 105 mil aposentados, muitos deles com dificuldades de locomoção e de
saúde, a enfrentarem enormes filas nos postos do INSS para se recadastrarem.
Casagrande lembrou que a medida foi adotada com o objetivo de diminuir as
fraudes geradas a partir de óbitos não comunicados ao INSS. Embora a Lei
8.212 tenha sido instituída para obrigar os cartórios a fazer a comunicação,
o que auditorias da Controladoria Geral da União (CGU) têm comprovado em
pequenos municípios é que boa parte dos cartórios não estavam cumprindo a
determinação da lei.
A proposta em questão não elimina o envio das informações por outros meios
como o correio em comunidades sem acesso a Internet, porém o objetivo, em
médio e longo prazo, é que a Internet passe a ser o principal, senão o único
meio de registro desses dados pelos cartórios.
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