A nova Lei de Execução de Títulos
Extrajudiciais deverá acelerar a já crescente utilização da penhora on
line em ações de cobrança cível. A lei introduz textualmente no Código
de Processo Civil (CDC) a prioridade do uso da internet para bloquear
recursos no sistema financeiro, usando o sistema Bacen-Jud, e até nos
cartórios de registros de imóveis, antecipando um sistema que ainda está
em estágio embrionário na área imobiliária.
Apesar de dispensar a previsão legal para ser usado pelos juízes da
Justiça comum, o Bacen-Jud ainda encontra resistência de alguns
magistrados, que pode ser contornada com a existência de uma previsão
legal explícita. Um exemplo veio do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP),
que editou em agosto de 2006 uma norma tornando obrigatório o uso do
Bacen-Jud nas comunicações com o Banco Central. Como resultado, o número
de acessos à penhora on line pelos juízes paulistas aumentou 150% entre
setembro e dezembro, ultrapassando a demanda da Justiça trabalhista
local - considerada até o ano passado usuária quase exclusiva do
sistema.
Em outros Estados o uso do Bacen-Jud também vem aumentando - ainda que
em ritmo menor do que São Paulo - em decorrência do sistema Bacen-Jud
2.0, lançado em dezembro. Ele reduz de semanas para dias o tempo de
desbloqueio de contas indevidamente penhoradas - uma das principais
críticas dos magistrados - e também permite a consulta prévia antes da
ordem de bloqueio.
A nova lei também já deixou o caminho aberto para o uso da penhora on
line imobiliária. O sistema existe em estado embrionário na capital
paulista, mas pode chegar a Brasília ainda neste ano e já atrai
interessados do Paraná e do Pará. Segundo o presidente da Associação dos
Registradores Imobiliários de São Paulo (Arisp), Frauzilino Araújo dos
Santos, o "ofício eletrônico" já existe desde 2005, unindo os 18
cartórios de registro da capital. O sistema permite consultas on line
dos juízes trabalhistas, Receita Federal, INSS, Procuradoria do Estado,
Município, e Fazenda Nacional. A partir de fevereiro, os cartórios
começarão a oferecer aos juízes a possibilidade de realizar também
bloqueios on line com uso de certificação digital. De acordo com
Frauzilino, o sistema foi criado para a adesão paulatina dos cartórios,
com o objetivo de criar, no longo prazo, um cadastro nacional de
imóveis.
Neste ano também pode ter início a penhora on line de veículos no
sistema do Departamento Nacional de Transito (Denatran), projeto
coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Valor Econômico - SP
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