Juiz de Fora (MG), 18/02/2011 - A 2ª Vara Federal de Juiz de Fora, em Minas
Gerais, determinou, ao Exército brasileiro, o pagamento de pensão a José
Américo Grippi, de 66 anos. A decisão, considerada emblemática no país, foi
tomada a partir do reconhecimento de que ele viveu uma união estável com um
capitão do Exército, falecido em 1999 na cidade. Grippi passará a dividir a
pensão com duas irmãs do capitão, as quais já contavam com o benefício. A
expectativa é de que o novo beneficiário entre na folha de pagamento do
Exército até o próximo mês.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais,
Luis Cláudio Chaves, que esteve nesta quinta-feira em Juiz de Fora,
participando de um projeto da Ordem, a decisão do pagamento do benefício
mostra uma tendência no Judiciário, em relação a casais do mesmo sexo. "O
direito tem que acompanhar a sociedade. Se existem fatos jurídicos, a
Justiça tem que se pronunciar." Como Chaves explicou, o Supremo Tribunal
Federal (STF) já reconhece a união homoafetiva para direitos previdenciários
e patrimoniais, além de questões relativas à adoção.
O relacionamento começou quando Grippi tinha 20 anos, e o companheiro, 30.
"Vivemos juntos durante 35 anos. A gente não só se amava muito, como nos
respeitávamos muito. Ele era uma pessoa muito boa para mim e para minha
família." Dessa época, uma das recordações guardadas com maior carinho foi o
reconhecimento da união pela sogra, enquanto ela estava internada em um
hospital. "Ela pegou a minha mão, a mão dele, e falou assim: 'José, faça
pelo meu filho o que eu não vou poder fazer mais. Eu abençoo essa união.
Para mim, vocês estão casados'", conta, emocionado.
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