A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifestou contra a criação do
Conselho Nacional de Assuntos Notariais (Connor), que assumiria a
competência de regular os atos dos cartórios - função desempenhada
atualmente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A Associação dos
Notários e Registradores do Brasil (Anoreg), defensora da ideia, diz que o
objetivo é estabelecer uma entidade para unificar as regras dos cartórios em
todas as regiões do país e, assim, melhorar os serviços.
A OAB, no entanto, diz que a proposta resultaria num órgão pouco
independente. "Queremos evitar a criação de um conselho sujeito a
interferências políticas, econômicas e de qualquer ordem estranha à mera
aplicação do direito", afirma o secretário-geral da OAB, Marcus Vinicius
Furtado Coelho, para quem o CNJ está fazendo um bom trabalho. "Foi a forma
que a associação dos donos de cartórios viu de retirar a competência
correicional do CNJ", diz. A OAB firmou posição contrária ao Connor ontem,
durante reunião de seu Conselho Federal, em Brasília.
A proposta de criação do Connor está no projeto de lei nº 692, de 2011, de
autoria do Executivo, que tramita na Câmara dos Deputados. O novo conselho
seria formado por 18 integrantes, com mandato de dois anos: oito
representantes dos cartórios, sete do Executivo Federal, um do Judiciário,
um do Ministério Público Federal e outro da OAB. A presidência ficaria a
cargo do representante do Ministério da Justiça. O projeto aguarda parecer
da Comissão de Trabalho da Câmara.
Segundo o presidente da Anoreg, Rogério Bacellar, a intenção é trabalhar na
uniformização dos atos dos cartórios em todos os Estados, incluindo a
informatização e a criação de uma base de dados nacional. "O que queremos é
fazer uma regra só. Ter um conselho, como todas as profissões têm. Ninguém
está querendo tirar a fiscalização do Judiciário", afirma.
Para a OAB, porém, o projeto retira a competência do CNJ de tratar de
questões como concurso, ingresso, transferência e perda dos cartórios. Um
dos pontos de preocupação é a parte que atribui ao Poder Executivo dos
Estados a função de delegar cartórios e determinar sua perda (função hoje
exercida pelo Judiciário).
O presidente da Anoreg diz que os concursos permaneceriam a cargo do
Judiciário, e os tribunais de Justiça continuariam responsáveis pelos
processos de perda de delegação, que seria somente decretada pelo Executivo.
Ele também criticou a manifestação da OAB. "A parte interessada não são os
advogados, são os próprios cartorários", diz Bacellar.
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