Brasília – Mulheres que fizerem parto sem a assistência de profissionais de
saúde ou com parteiras devem procurar o cartório mais próximo para conseguir
a Declaração de Nascido Vivo, documento que, a partir de agora, passa a
valer como identidade provisória da criança. As informações são da
Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg).
A lei que valida a declaração como documento oficial foi sancionada pela
presidenta Dilma Rousseff e publicada no Diário Oficial da União há uma
semana. O Ministério da Saúde alertou que a declaração, entregue pelo
hospital aos pais ou responsáveis após o nascimento do bebê, não substitui o
registro civil de nascimento.
Maria Fernanda da Silva, de 39 anos, é parteira desde os 16 e aprendeu mais
sobre a profissão com a mãe, que também era parteira. Graduada em
enfermagem, já realizou mais de 300 partos. Segundo Maria Fernanda, a
orientação dada pelas secretarias de Saúde é que as parteiras encaminhem a
criança e a mãe ao hospital assim que o bebê nasce.
“Entretanto, o registro sai como se aquela criança tivesse nascido no
hospital, e não em casa. Se a criança nascer em casa, ela não recebe a
Declaração do Nascido Vivo – é um documento exclusivo de quem nasce no
hospital”, disse.
Depois de auxiliar no parto em casa, ela orienta as mães para que levem o
bebê à maternidade ainda na primeira semana para receber as vacinas e para
fazer o teste do pezinho. “E eu sempre aconselho que a pessoa que levar a
criança para fazer esses procedimentos tenha em mão a certidão de
nascimento.”
Maria dos Prazeres de Souza, de 74 anos, é enfermeira-obstetra aposentada e
trabalha como parteira há mais de 50 anos. Ela calcula que já ajudou a
trazer ao mundo cerca de 5.600 crianças – a primeira quando tinha apenas 17
anos.
“Há um departamento da Secretaria de Saúde que sempre promove palestras e
treinamentos para as parteiras e as atualiza em relação aos procedimentos.
Pela minha experiência, tenho percebido que mais mulheres têm nos
procurado”, disse. “O parto realizado em casa é opção exclusiva das mães. Já
atendi partos de todos os tipos e em vários locais do país”, completou.
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