A corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, afirmou nesta
terça-feira (14/6) que o trabalho de modernização dos cartórios nos estados
da Amazônia Legal é um projeto estratégico, com previsão para ser concluído
em 40 anos. Não é, portanto, projeto de uma gestão. “Nós do Judiciário nos
acostumamos a ter cabeça pequena. A gente pensa pequeno, em dois anos, nos
nossos processos, na nossa administração”, comentou ela, durante solenidade
de assinatura de acordo de cooperação com as corregedorias dos estados da
Amazônia Legal.
O projeto de modernização dos cartórios da Amazônia surgiu no Fórum de
Assuntos Fundiários, coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
como resposta aos conflitos por terra na região. “Eu não tenho dúvida que,
se os cartórios fossem organizados, nós não tínhamos nem sequer 20% dos
problemas fundiários que nós temos”, disse Eliana Calmon. “O grande problema
é a corrupção que nasceu a partir da desordem dos cartórios”, acrescentou.
A modernização dos cartórios vem corrigir falhas estruturais do sistema. “Os
senhores vão ter muita coisa para fazer. Essa novidade vai tomar muito da
energia dos senhores, porque nós vamos ter que fazer um trabalho de
reconstrução de base nacionalmente”, explicou a ministra aos corregedores
estaduais.
“O projeto é imenso e o desafio é enorme”, alertou Marcelo Martins Berthe,
juiz auxiliar do CNJ e coordenador do Fórum de Assuntos Fundiários, após o
relatório apresentado por Antonio Carlos Alves Braga Júnior, juiz auxiliar
do CNJ. Segundo eles, embora o projeto leve 40 anos para ser concluído,
diversas ações têm início imediato.
Sabotadores – A ministra Eliana Calmon pediu empenho dos corregedores no
projeto e alertou para eventuais resistências: “A Corregedoria me ensinou
muita coisa. Me ensinou que no Poder Judiciário existe uma figura chamada
sabotador. Todas as vezes que queremos fazer alguma coisa encontramos duas
ou três pessoas que não querem deixar”.
Ela contou que viu no Pará um banner com foto dos servidores que conseguiram
montar um cartório que era um balcão de negócios e vendia benefícios para
presos. “Ninguém sabia o que era aquilo. Era o sabotador”, afirmou. Essas
pessoas vivem e lucram com a desorganização do Estado, e vão resistir à
modernização. “Na hora que organiza, que dá transparência, fica muito mais
difícil para eles”, ressaltou ela. E prometeu: “Nós vamos derrotar o
sabotador. É uma marca que vamos deixar na instituição”.
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