A realização de mediação no ambiente dos
cartórios brasileiros é uma atividade que vai contribuir para desafogar
o Poder Judiciário do Brasil. A avaliação é do Secretário da Reforma do
Judiciário do Ministério da Justiça, Pierpaolo Cruz Bottini, para quem o
projeto piloto desenvolvido pela Associação dos Notários e Registradores
do Brasil (Anoreg-BR) em conjunto com a Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB) vai contribuir para aliviar o congestionamento do
sistema judiciário.
O projeto conjunto Anoreg-BR / AMB intitulado “Registrando Cidadania à
Comunidade” prevê a capacitação técnica em mediação de notários,
registradores, juízes de paz e outros auxiliares de cartório para
atender, orientar e auxiliar o cidadão na solução de suas dificuldades
básicas, como ausência de registro de nascimento, assim como na
resolução de pequenos conflitos. A primeira experiência está sendo
realizada na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Para Bottini, a
crise de morosidade que afeta o Judiciário tem entre suas causas, o fato
das pessoas recorrem de forma usual à Justiça, descartando outras
modalidades como a mediação, o que evitaria a ampliação do conflito.
“Sabemos que uma das formas para reduzirmos a pressão sobre o judiciário
passa pela mediação”, destaca.
Pierpaolo Bottini foi o palestrante do painel “A atividade notarial e de
registro no ordenamento jurídico”, apresentado no VIII Congresso
Brasileiro de Direito Notarial e de Registro. O evento contou com a
participação do vice-presidente da Associação dos Magistrados
Brasileiros (AMB), Roberto Portugal Bacellar que informou que pesquisa
da Fundação Getulio Vargas aponta que 30% da população tem efetivo
acesso à Justiça. Roberto Bacellar destacou que dos mais de 21 mil
cartórios brasileiros, 9 mil são distritais, ou seja localizados em
distritos brasileiros. Para o vice-presidente da AMB, estes cartórios
desde que capacitados com técnicas de mediação, poderiam contribuir para
promover a pacificação social e ao mesmo tempo, para reduzir o volume de
ações encaminhado ao Judiciário. “Já sentenciei problema de R$ 38 reais,
relativos a um conserto de um máquina de lavar roupas, que foi resolvido
por mediação. E os registradores e notários, o que podem fazer?”,
pergunta.
Já a representante de Direito Imobiliário da OAB Ceará, Darlene Braga,
também considerou positiva a realização de mediação dentro dos
cartórios. Para Darlene Braga, é importante avançar em treinamento e
divulgar a existência deste trabalho para que ele atinja os efeitos
desejados. “OAB está disponível para isso”, finalizou.
Presente ao painel, o diretor de Ativos Financeiros do Ministério da
Justiça, Antenor Madruga, destacou a necessidade de se promover avanços
na Lei 6.015/73 com o objetivo de combater a lavagem de dinheiro. “É
preciso avançar na lei para deixar poucas brechas para a ação de grupos
criminosos”, afirma. |