A Câmara pode votar na semana que vem a Proposta de Emenda à Constituição (PEC
471/05) dos Cartórios, conforme decisão do Colégio de Líderes na reunião
desta quarta-feira (19). A proposta concede a exploração dos serviços às
pessoas que foram designadas antes da lei que estabelece concursos para o
setor.
A obrigatoriedade do concurso para tabelião e notário foi estabelecida pela
Constituição, em 1988, mas a regra só foi regulamentada em 1994. Segundo a
PEC, quem exerceu os serviços no período e continuar trabalhando até a
promulgação da emenda terá o direito assegurado. Aqueles que entraram na
atividade depois de 1994 poderão ser substituídos por meio de concurso.
Em sua versão original, a proposta previa que todos aqueles que exercessem a
função há mais de cinco anos na promulgação da emenda teriam o direito de
continuar na atividade. O texto foi modificado na comissão especial que
discutiu o assunto.
Continuidade
O autor da PEC, deputado João Campos (PSDB-GO), concorda com as mudanças,
afirmando que elas melhoraram a proposta. João Campos ressalta que os
concursos serão obrigatórios depois da aprovação da emenda. O parlamentar
quer assegurar a continuidade na atividade das pessoas que já trabalhavam na
área no período entre a promulgação da Constituição e a regulamentação da
lei.
"Eu acho que isso é agir de forma responsável, criteriosa, e respeitando,
inclusive, a regra do concurso público que não é abolida, ao contrário.
Daqui para frente a regra do concurso público é fortalecida", entende João
Campos.
Prazo
A proposta dá um prazo de seis meses para o Judiciário dos estados e
Distrito Federal realizar os concursos para os cartórios vagos. O presidente
da Associação dos Notários e Registradores do Brasil, Rogério Bacelar, disse
que a entidade é favorável à realização de concursos públicos para a
atividade. Segundo ele, os notários apóiam a proposta em análise na Câmara
porque ela resolve uma situação criada pelo próprio poder público.
Rogério Bacelar destaca que é preciso resolver a questão rapidamente. "A
demora na regulamentação do artigo constitucional deixou gente com 20, 30
anos de substituição na frente dos cartórios. O poder público tem que
arrumar uma solução para essas pessoas. Porque a culpa da não-realização dos
concursos foi do poder público", argumenta.
Rogério Bacelar disse que a entidade espera que a Câmara ajude a resolver a
situação dos notários substitutos e que o Estado realize os concursos para a
área. Se aprovada, a PEC dos cartórios segue para análise do Senado.
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