Lei nº 11.882, de 23 de dezembro de 2008
Dispõe sobre as operações de redesconto pelo Banco Central do Brasil,
autoriza a emissão da Letra de Arrendamento Mercantil - LAM, altera a Lei no
6.099, de 12 de setembro de 1974, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu
sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o O Conselho Monetário Nacional, com o propósito de assegurar níveis
adequados de liquidez no sistema financeiro, poderá:
I - estabelecer critérios e condições especiais de avaliação e de aceitação
de ativos recebidos pelo Banco Central do Brasil em operações de redesconto
em moeda nacional ou em garantia de operações de empréstimo em moeda
estrangeira; e
II - afastar, em situações especiais e por prazo determinado, observado o
disposto no § 3o do art. 195 da Constituição Federal, nas operações de
redesconto e empréstimo realizadas pelo Banco Central do Brasil, as
exigências de regularidade fiscal previstas no art. 62 do Decreto-Lei no
147, de 3 de fevereiro de 1967, no § 1o do art. 1o do Decreto-Lei no 1.715,
de 22 de novembro de 1979, na alínea c do caput do art. 27 da Lei no 8.036,
de 11 de maio de 1990, e na Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002.
§ 1o Nas operações de empréstimo referidas no inciso I do caput deste
artigo, fica o Banco Central do Brasil autorizado a:
I - liberar o valor da operação na mesma moeda estrangeira em que
denominados ou referenciados os ativos recebidos em garantia; e
II - aceitar, em caráter complementar às garantias oferecidas nas operações,
garantia real ou fidejussória outorgada pelo acionista controlador, por
empresa coligada ou por instituição financeira.
§ 2o Na ocorrência de inadimplemento, o Banco Central do Brasil poderá,
mediante oferta pública, alienar os ativos recebidos em operações de
redesconto ou em garantia de operações de empréstimo.
§ 3o A alienação de que trata o § 2o deste artigo não será obstada pela
intervenção, recuperação judicial, liquidação extrajudicial, falência ou
insolvência civil a que sejam submetidos, conforme o caso, a instituição
financeira ou o terceiro titular do ativo oferecido em garantia de
empréstimo.
§ 4o O resultado, positivo ou negativo, da alienação de que trata o § 2o
deste artigo será apropriado pelo Banco Central do Brasil e integrará seu
balanço para os efeitos do art. 2o da Medida Provisória no 2.179-36, de 24
de agosto de 2001.
§ 5o O Conselho Monetário Nacional regulamentará o disposto neste artigo,
devendo observar, na fixação de critérios e condições especiais previstas no
inciso I do caput deste artigo, regras transparentes e não discriminatórias
para a aceitação de ativos em operações de redesconto.
§ 6o O Banco Central do Brasil deverá encaminhar ao Congresso Nacional, até
o último dia útil do mês subseqüente de cada trimestre, relatório sobre as
operações realizadas com base no disposto no inciso I do caput deste artigo,
indicando, entre outras informações, o valor total trimestral e o acumulado
no ano das operações de redesconto ou empréstimo realizadas, as condições
financeiras médias aplicadas nessas operações, o valor total trimestral e
acumulado anual de créditos adimplidos e inadimplidos, além de um
demonstrativo do impacto dessas operações nos resultados daquele órgão.
§ 7o Na mesma reunião conjunta com as comissões temáticas pertinentes do
Congresso Nacional, conforme previsto no § 5o do art. 9o da Lei Complementar
no 101, de 4 de maio de 2000, o Ministro-Presidente do Banco Central do
Brasil, com base no relatório previsto no § 6o deste artigo, informará e
debaterá sobre os valores agregados e a taxa média praticada nas operações
de redesconto em reais.
§ 8o (VETADO)
Art. 2o As sociedades de arrendamento mercantil poderão emitir título de
crédito representativo de promessa de pagamento em dinheiro, denominado
Letra de Arrendamento Mercantil - LAM.
§ 1o O título de crédito de que trata o caput deste artigo, nominativo,
endossável e de livre negociação, deverá conter:
I - a denominação “Letra de Arrendamento Mercantil”;
II - o nome do emitente;
III - o número de ordem, o local e a data de emissão;
IV - o valor nominal;
V - a taxa de juros, fixa ou flutuante, admitida a capitalização;
VI - a descrição da garantia, real ou fidejussória, quando houver;
VII - a data de vencimento ou, se emitido para pagamento parcelado, a data
de vencimento de cada parcela e o respectivo valor;
VIII - o local de pagamento; e
IX - o nome da pessoa a quem deve ser pago.
§ 2o O endossante da LAM não responde pelo seu pagamento, salvo estipulação
em contrário.
§ 3o A LAM não constitui operação de empréstimo ou adiantamento, por sua
aquisição em mercado primário ou secundário, nem se considera valor
mobiliário para os efeitos da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976.
Art. 3o A LAM será emitida sob a forma escritural, mediante registro em
sistema de registro e de liquidação financeira de ativos autorizada pelo
Banco Central do Brasil.
Parágrafo único. A transferência de titularidade da LAM será operada no
sistema referido no caput deste artigo, que será responsável pela manutenção
do registro das negociações.
Art. 4o Aplica-se à LAM, no que não contrariar o disposto nesta Lei, a
legislação cambiária.
Art. 5o O art. 8o da Lei no 6.099, de 12 de setembro de 1974, passa a
vigorar com a seguinte redação:
“Art. 8o O Conselho Monetário Nacional poderá baixar resolução disciplinando
as condições segundo as quais as instituições financeiras poderão financiar
suas controladas, coligadas ou interdependentes que se especializarem em
operações de arrendamento mercantil.
Parágrafo único. A aquisição de debêntures emitidas por sociedades de
arrendamento mercantil em mercado primário ou secundário constitui obrigação
de natureza cambiária, não caracterizando operação de empréstimo ou
adiantamento.” (NR)
Art. 6o Em operação de arrendamento mercantil ou qualquer outra modalidade
de crédito ou financiamento a anotação da alienação fiduciária de veículo
automotor no certificado de registro a que se refere a Lei no 9.503, de 23
de setembro de 1997, produz plenos efeitos probatórios contra terceiros,
dispensado qualquer outro registro público.
§ 1o Consideram-se nulos quaisquer convênios celebrados entre entidades de
títulos e registros públicos e as repartições de trânsito competentes para o
licenciamento de veículos, bem como portarias e outros atos normativos por
elas editados, que disponham de modo contrário ao disposto no caput deste
artigo.
§ 2o O descumprimento do disposto neste artigo sujeita as entidades e as
pessoas de que tratam, respectivamente, as Leis nos 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, e 8.935, de 18 de novembro de 1994, ao disposto no art. 56 e
seguintes da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, e às penalidades
previstas no art. 32 da Lei no 8.935, de 18 de novembro de 1994.
Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 23 de dezembro de 2008; 187o da Independência e 120o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Guido Mantega
Henrique de Campos Meirelles
Este texto não substitui o publicado no DOU de 24.12.2008
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