Munidos de enxadas, facões
e foices, cerca de 150 integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais
sem Terra (MST) invadiram ontem o cartório de Glória do Goitá (PE). A
ação, que começou por volta das 9h30m terminou, às 15h, assim que os
sem-terra conseguiram cópias de 20 certidões de áreas rurais do
município, sendo seis delas de
propriedade das famílias da prefeita Fernanda Paes (PSB).
Além das certidões, os sem-terra reivindicaram à prefeitura a entrega
urgente de cestas básicas e lonas no acampamento em que vivem, a 5
quilômetros do centro da cidade. As lideranças também solicitaram
auxílio médico aos cerca de 300 acampados. Segundo a Polícia Militar, a
manifestação foi pacífica. Pernambuco é o Estado brasileiro com o maior
número de famílias acampadas - cerca de 23 mil, segundo o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária. Em Recife, cerca de 1 mil trabalhadores
rurais ligados à Organização de Luta no Campo continuaram acampados no
pátio da Superintendência Regional do Incra em Pernambuco. A intenção deles
é permanecer no local até sexta-feira.
Cerca de 500 integrantes do MST desocuparam ontem pela manhã a Fazenda Buritis,
em Buritis (722 quilômetros de Belo Horizonte). A saída dos sem-terra da
área foi negociada anteontem, em reunião na cidade com representantes do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O MST do Noroeste
mineiro condicionava a desocupação da fazenda - invadida há uma semana -
ao atendimento de sua pauta de reivindicações, que inclui pedidos de
renegociação de dívidas, crédito para custeio da safra 2003-04 e
desapropriação para o assentamento de 1,1 mil famílias acampadas na região.
Na reunião de ontem, não houve acordo em relação às demandas do movimento,
mas os sem-terra resolveram deixar a área após obterem a garantia de uma
audiência, nos próximos dias, com a presidência do Incra.
Ontem, o líder do MST, José Rainha Júnior, perdeu mais uma batalha no
Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo. O segundo vice-presidente, desembargador
Denser de Sá negou liminar em habeas corpus em favor do líder do MST,
que garantia o direito de Rainha apelar em liberdade de sentença proferida
dia 30 de julho, que o condenou a dois anos e oito meses de prisão, por
porte ilegal
de arma. |