Com base no artigo 1º, da Lei nº 6.858/80, aplicada ao processo por
analogia, a 5ª Turma do TRT-MG decidiu que, no processo do trabalho, não é
necessário apresentar certidão de abertura de inventário para demonstrar a
legitimidade do herdeiro necessário (descendente, ascendente e o cônjuge)
para cobrar crédito trabalhista do empregado morto. Principalmente, se o
reclamante estiver habilitado como dependente do falecido.
Os julgadores analisaram o recurso de dois reclamantes que se diziam
herdeiros do empregado falecido e não se conformaram com a extinção do
processo movido contra a ex-empregadora, pedindo o pagamento de verbas
trabalhistas. O juiz de 1º Grau entendeu que os autores deveriam ter anexado
à reclamação carta de nomeação de inventariante e encerrou o processo sem
entrar no mérito, por ilegitimidade ativa.
Examinando o processo, o desembargador José Murilo de Morais lembrou o teor
do artigo 1º da Lei 6.858/80, segundo o qual os valores devidos pelo
empregador ao empregado, bem como o montante de FGTS e do PIS PASEP, não
recebidos em vida pelo titular, deverão ser pagos em partes iguais aos
dependentes habilitados perante a Previdência Social e, na falta destes, aos
sucessores previstos na lei civil, independente de inventário.
No caso, as certidões de óbito e a previdência deixam claro que os
reclamantes, mãe e filho menor de idade, são herdeiros necessários do
empregado falecido, devidamente inscritos na Previdência Social como seus
dependentes. Além disso, a reclamante foi quem recebeu as verbas rescisórias
do trabalhador e também requereu a abertura do inventário, conforme
documento de andamento processual. Na visão do relator, isso tudo leva à
conclusão de que ela é a representante legal do espólio.
Com esses fundamentos, o desembargador concluiu pela legitimidade dos
reclamantes, observando que, estando o menor assistido pela mãe, não há
necessidade de atuação do Ministério Público do Trabalho. Foi determinado o
retorno do processo à Vara do Trabalho de origem, para julgamento dos
pedidos. A Turma, por unanimidade, acompanhou o voto do relator.
(
nº 01242-2012-055-03-00-2 )
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