No último dia 10/03, às 09h30m, no edifício sede do Ministério da Justiça,
em Brasília/DF, a presidência da Anoreg-BR esteve reunida com o Grupo de
Trabalho constituído pelo Decreto Interministerial, datado de 22/10/08.
O Grupo tem como objetivo a revisão da legislação atual e de elaboração de
propostas para o aperfeiçoamento e a modernização da atividade notarial e de
registro. Coube ao Ministério da Justiça, dar o suporte técnico e
administrativo necessário ao funcionamento das atividades, estando à frente
da coordenação, Rogério Favreto, secretário da reforma do Judiciário, e seu
suplente, Pedro Vieira Abramovay, secretário-executivo do Ministério.
Iniciando os trabalhos, Rogério Favreto diagnosticou os pontos mais
importantes e que em sua opinião, deveriam ser debatidos: universalização,
gestão, informatização e organização dos serviços, além da desburocratização
e a gratuidade dos atos.
O primeiro convidado a apresentar sua posição, foi Rogério Portugal Bacellar,
presidente da Anoreg-BR, com a colaboração de Patrícia Ferraz, presidente da
Anoreg-SP. Bacellar focou sua apresentação nos indicadores citados pelo
coordenador, elencando mais alguns temas também relevantes para o segmento:
CONCURSOS PÚBLICOS: busca da maior transparência para o ingresso na
atividade notarial e de registro, entretanto precisa-se de regras claras na
realização dos concursos;
NORMATIZAÇÃO DOS ATOS: maior padronização na legislação estadual, com
competência para ditar regras específicas (somente a União pode legislar
sobre regras gerais);
FISCALIZAÇÃO: é necessária maior atuação do Conselho Nacional de
Justiça, para impor limites, faltam critérios objetivos. Deve-se fiscalizar
os atos próprios dos serviços, como, por exemplo, uma escritura, um
registro...
REGULARIZAÇÃO NA ATIVIDADE: São sete especialidades, de acordo com a
Lei 8.935/94, mesmo assim é preciso deixar muito claro até onde vai a
competência de cada um para não haver sobreposição e disputas internas;
CONSELHO NOTARIAL E DE REGISTRO: Já existe um ante-projeto, coordenados
pelo Ministério da Justiça. Acredita-se que possa ser hoje o CNJ,
entretanto, deve-se manter presença efetiva de notário e registrador na
nomeação dos membros. Dessa forma, haverá possibilidade de maior consulta da
classe, para que haja chance de contribuir com as dificuldades apresentadas
que dizem respeito aos cartórios.
DESBUROCRATIZAÇÃO: Participação efetiva da Anoreg-BR nessa defesa, os
cartórios estão prontos para contribuir para uma sociedade justa e eficaz.
DESJUDICIALIZAÇÃO: A Anoreg-BR já propôs a lei do inventário e
divórcio, assim como outras. É intenção da categoria colaborar com todas as
questões que simplifiquem a vida do cidadão.
PROJETOS E ACORDOS DE COOPERAÇÃO: Vale lembrar que cada um dos
Ministérios que compõe esse grupo de trabalho já tem ou teve um convênio
firmado com a Anoreg-BR.
Em seguida, Rogério Bacellar pediu que fossem convocados, para as próximas
reuniões do GT, também os representantes de cada uma das especialidades:
Notas, o presidente do CNB-CF: José Flávio Fischer
Registro de Títulos e Documentos e Pessoas Jurídicas, o vice-presidente
RTDPJ da Anoreg-BR: Paulo de Carvalho Rêgo;
Protesto de Títulos, o secretário-geral do IEPTB e presidente do IEPTB/SP:
Cláudio Marçal Freire
Registro Imobiliário, vice-presidente de registro de imóveis da Anoreg-BR:
Luiz Gustavo Leão Ribeiro
Distribuição, diretora do Instituto Nacional de Distribuição: Narainá de
Aquino
Registro Civil, presidente da ARPEN: Oscar Paes de Andrade
Finalizou, defendendo uma normatização abrangente, propugnando por critérios
claros. Reiterou sua pretensão de debater cada um dos temas propostos sobre
a atividade, com embasamento legal, com estatística, com pareceres e
doutrinas, focados, principalmente, na segurança jurídica que os serviços
oferecem aos cidadãos e ao país.
Complementando o discurso, Patrícia Ferraz fez uma defesa no trabalho de
informatização dos cartórios, principalmente do Estado de São Paulo, onde
praticamente a grande maioria já estaria apto para receber e transmitir
informações on-line. Comentou a importância da subsistência pela
auto-regulação, o modelo atual da fiscalização e o impacto da gratuidade
para o equilíbrio das receitas e despesas de um serviço cartorário.
Logo após, Oscar Andrade apresentou um relato da situação do registro civil
no Brasil. Abordou desde a gratuidade imposta pela legislação até a vocação
única de cada registrador dessa especialidade. Alegou que se não fosse essa
verdadeira vontade de atuar, o registro civil tenderia a desaparecer.
Detalhou o envio das informações ao INSS e ao Ministério da Previdência
Social, pelo SISOB. Esclareceu que a ARPEN já tem um programa no Estado de
São Paulo pronto para atuar e ajudar os pequenos cartórios. Abordou a
questão das maternidades, apontando as dificuldades por parte das próprias
instituições de saúde, ou das famílias que não tem o pai presente para
registrar, ou, ainda não estão certos do nome que darão às crianças.
Informou a respeito do trabalho que tem realizado no registro dos índios,
das comunidades quilombolas e da dificuldade deles irem ate os serviços do
registro civil. Apresentou a proposta dos ônibus itinerantes, defendendo
esse projeto como sendo o mais eficiente no combate ao sub-registro.
Finalizou seu posicionamento relatando alguns dos últimos tópicos que a
entidade vem trabalhando, como a “paternidade responsável” e o “pai legal”.
Compareceram representando o governo federal, Marivaldo de Castro Pereira,
pela Casa Civil, Dino Castilhos, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário,
Sonia Regina Mury, pela Advocacia Geral da União, Leônidas Pereira Quaresma,
pelo Ministério da Fazenda, Aldino Graed e Cláudio, pelo Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, Igor Chagas de Carvalho, pelo Ministério
da Previdência Social, Jaime Herzog, pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio e Larissa Beltramim, pela Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, alem dos próprios assessores do Ministério da Justiça,
Wagner Costa e Adriana Antunes.
Temas abordados: Marivaldo Pereira defendeu a gratuidade dos atos na
regularização fundiária, assim como do registro civil. Em sua opinião há
sustentabilidade da parte dos registradores de imóveis, entretanto, precisa
de ajuda na questão dos registradores civis.
Em seguida, Dino Castilho questionou a informalidade de algumas regiões,
principalmente no Norte e Nordeste, onde o custo dos serviços dos cartórios
são caro para a população local. Defendeu processo de transferência dos
cartórios maiores para os pequenos.
O representante do Ministério da Previdência, Igor Carvalho, propôs melhor
comunicação entre o registro civil e sua base de dados, pelo SISOB. Pediu
maior uniformidade no envio das informações.
Larissa Beltramim defendeu o posicionamento da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos, para a erradicação do sub-registro.
Jaime Herzog, pelo MDIC, chamou a atenção da importância da segurança
jurídica dos atos, em sua opinião deve-se manter a expertise da atividade.
Entretanto, há de ser necessário maior padronização com normas gerais,
delegação no atendimento de alguns atos para terceiros, e proposta de
investimento em certificação digital, em chaves publicas, para que os órgãos
governamentais pudessem acessar a um único cadastro da atividade.
Após alguns debates, foi finalizada a reunião às 13h30m, sendo que a próxima
será no dia 17/03, onde outra entidade será convidada.
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