No primeiro dia de agosto, em Punta Del Este, no Uruguay, às 10h, teve
início o I Fórum Internacional de Cooperação Jurídica, Notárial e de
Registro, organizado pela Anoreg-BR.
O encontro superou as expectativas dos mais de cem convidados pela
importância das temáticas, pela presença dos colegas do Mercosul e pelo
charme do hotel Conrad. A abertura formal foi realizada pelo presidente
Rogério Portugal Bacellar (Anoreg-BR) juntamente com o anfitrião Manuel
Reyes Rius (Escribano), e contou com a participação do Desembargador Marcelo
Guimaraes Rodrigues (Tribunal de Justiça de Minas Gerais e Diretor da Escola
Judicial da América Latina), de Roberto Portugal Bacellar (presidente da
Escola Nacional dos Magistrados Brasileiros, também como representante do
Presidente Nelson Calandra, da Associação dos Magistrados Brasileiros – AMB),
além dos presidentes dos Institutos: Francisco José Resende dos Santos
(registrador de imóveis), Léo Barros Almada (protesto), Paulo Risso
(registrador civil) e Paulo Roberto Rêgo (registro de títulos e documentos).
Antes de iniciar as palestras, o presidente Rogério Bacellar fez justa
homenagem ao escribano Manuel Reyes Rius, agradecendo a recepção em Punta
Del Este.
É intenção da ANOREG-BR proporcionar cada vez mais atualização e
aperfeiçoamento sobre as matérias de interesse de seus associados. Nesse
encontro, a temática principal fez referência ao “Direito de Família sob a
ótica das Legislações Nacionais da América Latina". Sendo debatidos temas
relevantes não só para os titulares dos ofícios notariais e de registro,
como para escribanos, magistrados, advogados, membros do Ministério Público,
do governo e da comunidade local. Afinal, os cartórios estão presentes no
dia-a-dia de qualquer cidadão, do momento em que nasce e durante toda sua
vida.
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), reconhecendo a união
estável entre pessoas do mesmo sexo, revolucionou o Direito brasileiro, com
reflexos diretos na atividade notarial e de registro. Com o propósito de
discutir e esclarecer dúvidas, a Anoreg-BR convidou renomados professores,
com larga experiência em direito civil para debater a importância essa
decisão e o que mudou de fato na entidade familiar.
Christiano Cassettari, José Marcondes e Hércules Benício
Na primeira palestra, sob a coordenação dos trabalhos feita pelo registrador
imobiliário José Marcondes (diretor da Escola da Anoreg-RJ e da ENNOR –
Escola Nacional de Notários e Registradores), o advogado e professor
Christiano Cassettari proferiu excelente palestra sobre o tema: “A Atuação
do Notário e do Registrador frente a Jurisprudência Brasileira das Cortes
Superiores sobre a Uniao Estavel”. Em seguida, o registrador civil e
tabelião Hércules Benício também fez parte da mesa e muito contribuiu para a
elucidação do tema.
Pode-se concluir que, se falta legislação específica, o STF baseou-se na
Constituição para analisar e julgar as duas ações referentes a casais
homossexuais – Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4277/DF e Arguição de
Descumprimento de Preceito Fundamental nº 132/RJ. A histórica decisão não
relativiza a sociedade ou a família, ao contrário, o Supremo consagra a
vida, a liberdade, tendo como foco a dignidade humana. Afinal, tal como o
direito, a sociedade é dinâmica.
Após o almoço, a palestra da tarde foi sobre: "O Direito Sucessório no
Casamento, na União Estável e nas Relações Homoafetivas". O Presidente dos
trabalhos foi o notário Mauricio Leonardo (vice-presidente da Anoreg-BR) e
os palestrantes, o jurista e tabelião Zeno Veloso que dividiu a mesa com a
também tabeliã Fernanda Leitão.
Importante esclarecer que para comprovar a existência da união, os casais
devem fazer uma escritura declaratória de união estável, feita por tabelião
que goza de fé-pública comprovando que desde determinada data convivem
juntos. Nesta escritura fica estabelecido o regime de bens eleito pelas
partes para o caso de partilha, assim como as questões inerentes às demais
obrigações como no caso do direito sucessório. O que se tem agora é o
reconhecimento de que homo, assim como heteros, são capazes de constituir
família e a todos são conferidos os mesmos direitos.
Neste primeiro dia de debates sobre "Direito de Família, com reflexos no
direito notarial e de registro" as palestras e apresentações fizeram do
Fórum Internacional um inesquecível evento.
Rogério Bacellar faz homenagem ao escribano
Manuel Reyes Rius
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