A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e a Abecip (Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança) preparam uma
proposta que pode reduzir para até uma semana o tempo em que um
comprador de imóvel levará para fechar negócio. Atualmente, o menor
prazo é de 30 a 40 dias, podendo levar até três ou quatro meses. A
burocracia está em comprovar que os interessados em comprar e vender
imóveis não têm problemas de crédito e que o imóvel, assim como seu
vendedor, não está comprometido em dívidas ou outras negociações.
A proposta das entidades é criar uma espécie de Detran (Departamento
Estadual de Trânsito) para o imóvel, ou seja, concentrar na matrícula
todas as informações, ônus e pendências do imóvel, assim como acontece
com um carro. Com o número do Renavan, o comprador consegue saber se há
multa, imposto atrasado ou alienação do veículo.
O diretor de crédito imobiliário da Febraban, Natalino Gazonato, disse
que, com a concentração, seria possível gravar na matrícula qualquer
informação e isso asseguraria que o imóvel é regular, o que facilitaria
a vida de quem vende e daria mais segurança para quem compra. ’O que
burocratiza é a comprovação, com certidões de cartórios, que têm prazo
para serem usadas. Com a concentração, melhora a garantia do comprador e
do financiador e nenhuma dívida poderá atingir aquele imóvel’.
O presidente da Abecip, Décio Tenerello, disse que a burocracia é um
complicador na hora da concessão do crédito, mas não é determinante para
impedir a negociação, mas sim a falta de renda e os juros altos. O fim
da dor de cabeça e da necessidade de carregar certidões e comprovantes
tem o apoio das construtoras, imobiliárias e do governo federal, que
analisa como amenizar a burocracia e permitir a liberação de mais
crédito.
A burocracia enfrentada para a concessão do crédito imobiliário é uma
das principais reclamações de quem vende e de quem compra. O governo
federal decidiu ouvir a reivindicação do setor e o ministro Guido
Mantega (Fazenda) anotou as queixas em reunião com a Febraban na semana
passada. Segundo ele, o acesso ao crédito tem de ser ampliado em vários
setores e as discussões vão começar pelo crédito imobiliário. Mantega
também defendeu que a habitação tem de representar mais do 2% do PIB
brasileiro e que a erradicação do déficit habitacional é uma das
prioridades.
Notícia: Folha On Line |