A operação conjunta do Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada (CGFAI)
e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru),
realizada entre os dias 22 e 26, fiscalizou 35 empreendimentos imobiliários
nos municípios de Jaboticatubas, Lagoa Santa, Vespasiano, Matozinhos, Capim
Branco e Pedro Leopoldo, no Vetor Norte da Região Metropolitana de Belo
Horizonte (RMBH). De acordo com o coordenador técnico da operação, João
Carlos Monteiro, da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), cerca de 80%
dos empreendimentos visitados apresenta irregularidades.
As irregularidades incluem a inexistência de infra-estrutura (asfaltamento,
iluminação, sistema de drenagem), ausência de documentação concedida pelos
órgãos ambientais e construções em Área de Preservação Permanente (APPs). Do
total de empreendimentos fiscalizados, 20 serão multados por infrações
ambientais, informa Monteiro. O cálculo dos valores das multas será feito na
próxima semana.
O diretor de regulação da expansão urbana das Regiões Metropolitanas da
Sedru, João Ubirajara Nogueira, destaca que a maioria dos problemas
constatados na operação é a inexistência da anuência prévia, parecer do
Estado declarando a conformidade do parcelamento do solo com toda a
legislação pertinente.
Os empreendedores dos loteamentos notificados pela ausência de documentação
que autoriza o parcelamento do solo têm 20 dias, a partir da data da
fiscalização, para comparecer à Sedru e regularizar a situação. Caso isso
não ocorra, uma segunda autuação será feita e enviada para o Ministério
Público, para que o órgão tome as providências adequadas.
Restrições
A região fiscalizada abriga diversas unidades de conservação, como a Área de
Proteção Ambiental (APA) Carste Lagoa Santa e a Área de Proteção Especial (APE)
Confins, que impõem restrições à ocupação do solo. Essas restrições não
foram observadas por boa parte dos empreendimentos, como é o caso da Fazenda
Bom Jardim, situada na zona rural de Matozinhos. No interior do loteamento
existe ainda um sítio arqueológico.
De acordo com o proprietário da Fazenda Bom Jardim, Olavo Antunes da Silva,
1,2 milhão dos 2,540 milhões de metros quadrados do terreno está sendo
parcelado para venda de chácaras de 20 mil metros quadrados. Antunes alega
que até agosto último não sabia que seu terreno estava inserido em uma APA.
Alessandro Albino Fortes, analista ambiental do IEF, salienta que o
loteamento necessita de autorização do Ibama para ser implantado, pois se
encontra na APA Carste Lagoa Santa, sob responsabilidade do governo federal.
“Vamos remeter o auto de fiscalização para o Ibama, para serem tomadas as
providências necessárias”, informa.
Importância
A região do Vetor Norte abriga os Parques Estaduais do Sumidouro e Serra
Verde e outras seis unidades de conservação: Área de Proteção Especial (APE)
do Urubu (em Pedro Leopoldo), APE Confins (entorno do AITN), Área de
Proteção Ambiental (APA) Carste Lagoa Santa, e as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Bom Jardim (Matozinhos), Fazenda Campinho
e Sol Nascente, ambas em Pedro Leopoldo.
Na área encontram-se inúmeras grutas e cavernas, que abrigam rios,
cachoeiras, formações de estalactites e estalagmites, ossadas humanas e de
grandes animais extintos, formações calcárias raras e inscrições rupestres.
O patrimônio arqueológico, espeleológico, paleontológico, histórico e
ambiental é reconhecido pela comunidade científica internacional.
Proteger esse patrimônio natural e promover o parcelamento do solo da região
do Vetor Norte de forma ordenada e sustentável foi o objetivo da operação de
fiscalização, que teve a participação de 21 pessoas, entre técnicos do
Sistema Estadual de Meio Ambiente (Sisema), Sedru, da Polícia Militar de
Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (Ibama).
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