Em uma conversa descontraída, o desembargador do Tribunal de Justiça de
Minas Gerais (TJMG), Marcelo Rodrigues, da 11ª Câmara Civil, abordou no
programa “Revista da Tarde”, da Rádio Inconfidência, o tema Registro Civil,
com ênfase nas demandas requerendo alteração de nomes considerados
vexatórios. Ele concedeu, hoje, 24 de fevereiro, entrevista à jornalista
Débora Rajão.
O desembargador relatou que quando atuava na Vara de Registros Públicos, uma
senhora muito humilde queria colocar o nome de seu filho de Micajaca. E ela
tentava explicar o porquê. “Foi só quando ela conseguiu dançar que eu
entendi que se trava de Michael Jackson”, relembra. Ele acredita que a
idolatria ou a vontade de se criar um novo nome a partir da junção de alguns
é muito comum na hora da escolha dos nomes dos filhos.
O desembargador explicou que o nome se compõe de prenome e sobrenome e que
este é direito adquirido, portanto as pessoas devem portar o sobrenome das
famílias as quais pertencem. Já o prenome pode ser mudado. O desembargador
esclareceu que aquele que desejar alterar seu prenome pode fazê-lo no
primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, ou seja, dos 18 anos até
antes de completar 19. Nesse período, a pessoa pode ir pessoalmente ao
cartório de Registro Civil e solicitar a mudança ao oficial registrador. Ou,
após esse período, ir ao Fórum e solicitar ao juiz de Registros Públicos.
Mas para realizar a alteração, é preciso provar que o nome lhe causa
constrangimento e prejudica o convívio social. Ele destacou que as provas
têm que ser objetivas, devendo constar em que situações e por que o nome
incomoda aquela pessoa.
O desembargador contou ainda que os oficiais registradores não podem acatar
prenomes que pautam pelo mau gosto. “Gosto é uma questão subjetiva, mas o
oficial tem que ter a sensibilidade para saber qual é o sentimento do meio
social”, para autorizar ou não o registro do nome, comentou.
Apelido e mudança de sexo
A entrevista esclareceu que qualquer pessoa pode incorporar o apelido ao
nome. “Desde que seja conhecido no meio social pelo apelido, pode requerer
que o inclua no registro civil”, alertou o desembargador. Ele também
destacou que, realizada cirurgia para mudança de sexo, conhecida como
adequação ao sexo psicológico, há um entendimento de que o prenome possa
também ser alterado para acompanhar o novo sexo.
O programa “Revista da Tarde” tem recebido magistrados do TJ, semanalmente,
desde dezembro de 2010, por ocasião da 5ª Semana da Conciliação. Em 2011, o
programa contou com a participação dos desembargadores Herbert Carneiro,
Antônio Sérvulo dos Santos, Wagner Wilson Ferreira, e os juízes da Capital
Marcos Padula, Saulo Versiani Penna e Leopoldo Mameluque, que abordaram,
respectivamente, os temas Indulto, Adoção, Adoção Internacional,
Apadrinhamento de Crianças, Demandas relacionadas à Saúde e Cartórios de
Notários e Registradores.
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