Aplaudido por ruralistas, o deputado federal
Aldo Rebelo (PC do B-SP) disse nesta quarta-feira (3) numa audiência pública
em Ribeirão Preto para debater o Código Florestal que alguns membros do
Ministério Público agem como "braços jurídicos das ONGs" ambientalistas.
Ele é relator da comissão especial da Câmara para dar parecer ao projeto de
lei nº 1.876, de 1999, que propõe alterações na lei de proteção às
florestas, em vigor desde 1965.
Marcia Ribeiro/Folha Imagem
O deputado Aldo Rebelo (PC do B - SP, de pé), em Ribeirão Preto; ele acusa
procuradores como "braços de ONGs" ambientais
Ele defende a revisão do código, argumentando que, do jeito que está, a lei
prejudica o agronegócio e a economia do país.
Em discurso, Rebelo afirmou que as "mudanças que venham a ser introduzidas
serão promovidas com equilíbrio, temperança e moderação".
Reserva legal
O principal ponto de divergência entre ruralistas e ambientalistas é a
chamada reserva legal, a porção das propriedades rurais que deve ser mantida
como vegetação nativa.
Segundo a lei atual, áreas na mata atlântica devem ter pelo menos 20% de
reserva legal. No cerrado, esse percentual sobe para 35% e, na Amazônia,
para 80%.
Os produtores rurais, representados, entre outras entidades, pela Abag
(Associação Brasileira do Agronegócio), defendem a flexibilização da
reserva.
Sua proposta tornaria possível, por exemplo, que produtores rurais de São
Paulo adotassem medidas de compensação ambiental em outros Estados.
"Da forma como está [o Código Florestal], são mais de 3 milhões de hectares
em que São Paulo deixaria de produzir", disse o secretário de Estado da
Agricultura, João Sampaio.
A promotora Cristina de Araújo Freitas, do Ministério Público Estadual,
criticou a proposta e foi vaiada.
Segundo Moacir Micheletto (PMDB-PR), presidente da comissão, a ideia é que o
relatório final com o parecer sobre o projeto fique pronto até o final deste
mês e passe na Câmara e no Senado até o fim de abril.
Defesa das ONGs
Em outubro, uma coalisão de 15 ONGs ambientais, entre elas SOS Mata
Atlântica, WWF e Greenpeace, enviaram
comunicado conjunto contra as propostas de revogação da legislação
ambiental brasileira em tramitação no Congresso.
O comunicado alertava sobre o risco de "revogação ou modificação das
principais leis ambientais brasileiras", como o Código Florestal brasileiro,
a Lei de Política Nacional de Meio Ambiente, a Lei de Crimes e Infrações
contra o Meio Ambiente e a Lei do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação.
"As organizações abaixo assinadas alertam a sociedade brasileira para a
gravidade da proposta da bancada ruralista no Congresso Nacional (PLs
1876/99 e 5367/09) que tramita em comissão especial formada por maioria de
parlamentares ligados ao agronegócio", diziam as ONGs.
Elas alegavam que "os principais instrumentos de gestão ambiental em vigor
como a criação de unidades de conservação, as reservas florestais legais, as
áreas de preservação permanente, o licenciamento ambiental e o Conselho
Nacional de Meio Ambiente poderão ser revogados ou enfraquecidos para
atender exclusivamente por encomenda setorial dos ruralistas".
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