Brasília – Em reunião realizada hoje (9), os senadores das comissões de
Agricultura e de Ciência e Tecnologia do Senado deixaram a decisão de pontos
polêmicos do projeto de lei do Código Florestal para a Comissão de Meio
Ambiente. Entre eles, a definição de critérios de recuperação das áreas de
preservação permanente (APP) para pequenos produtores. O texto prevê que
pequenos produtores rurais, inclusive agricultores familiares que têm
propriedades de até quatro módulos fiscais, possam constituir sua reserva
legal com base na vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008.
Em uma ação conjunta, parlamentares da base que representa o setor rural
reivindicaram que o benefício fosse estendido para médios produtores que têm
propriedades rurais de até 15 módulos fiscais. Eles pretendem, na Comissão
de Meio Ambiente, beneficiar também todos os proprietários de áreas rurais
de até 15 módulos e não apenas produtores rurais como está no parecer do
relator Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), aprovado ontem (8) nas
comissões de Agricultura e Ciência e Tecnologia.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente e autor da emenda, Rodrigo
Rollemberg (PSB-DF), disse que a construção de um consenso em torno dessa
divergência será “o grande desafio” dos senadores nos próximos dias. Ele
irritou-se com a atitude de senadores como Kátia Abreu (PSD-TO) e Blairo
Maggi (PR-MT), por considerar que esse já era um tema consensuado e sua
emenda seria acatada como propôs o relator.
Rollemberg decidiu tentar o entendimento e não forçar a aprovação de sua
emenda na Comissão de Ciência e Tecnologia. “Não adianta, em função de
determinada comissão, não ter uma proposta consensuada. Isso [mantê-la]
causaria uma confusão no plenário do Senado ou da Câmara”, disse o senador.
Caso não se encontre o consenso, Rollemberg prometeu reapresentá-la na
Comissão de Meio Ambiente e ir para o voto.
Outra emenda que deixou de ser apreciada hoje para que se tentasse uma
negociação diz respeito à proposta para que pequenas e médias propriedades,
de até quatro módulos fiscais, recomponham suas áreas de preservação
permanente (APP) em 30 metros, a partir da margem do rio, com extensão entre
10 e 100 metros. A proposta toma como base também a data de 22 de julho de
2008.
Pela proposta, a exigência valerá para os estados pertencentes à Amazônia
Legal. No caso dos demais, a emenda prevê que a exigência de recomposição
das matas ciliares sejam feitas em até 20% do tamanho total do imóvel.
Relator do projeto na Comissão de Meio Ambiente, o senador Jorge Viana
(PT-AC), disse que “existem muitos problemas” a serem contornados até a
votação do seu parecer. Entre eles, a necessidade de estabelecimento de mais
mecanismos para a proteção e uso das florestas, a partir de serviços
ambientais.
De acordo com Viana, outro desafio a ser enfrentado é a necessidade de se
estabelecer critérios de preservação das APPs em área urbana. A ocupação
irregular de terras nessas áreas, especialmente em encostas e topos de
morros, acarreta em riscos para a população, especialmente as de baixa
renda, por causa de deslizamentos.
“O trabalho é enorme nessa reta final, mas a Comissão de Meio Ambiente é de
mérito e todo esforço tem que ser feito para darmos segurança jurídica a
esse novo Código Florestal, especialmente nós termos a proteção de nossas
florestas e para que o Brasil possa se firmar perante o mundo como uma
potência ambiental”, ressaltou o parlamentar.
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