Participantes do debate sobre o
Projeto de Lei 20/07, que é analisado pela Comissão Especial de Parcelamento
do Solo para Fins Urbanos, defenderam a simplificação dos processos de
aquisição de terrenos e garantias aos consumidores, a fim de evitar a busca
constante pelo Judiciário entre empreendedores imobiliários e consumidores.
O representante do Ministério das Cidades Celso Santos repetiu, durante a
audiência da comissão, que o governo quer que a lei simplifique esses
processos. Ele defendeu, por exemplo, a simplificação dos registros
cartoriais para baratear os custos e um cadastramento de informações sobre
os imóveis para garantir a agilidade no registro e nos financiamentos.
O representante do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e
Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais (Secovi) Caio Portugal
assinalou que essas empresas são operadoras da legislação, porque têm de
esclarecer os seus clientes. Por isso, também têm grande interesse na
simplificação dos processos relativos à moradia.
Déficit habitacional
De acordo com Santos, a lei para disciplinar o parcelamento do solo urbano é
essencial para o combate ao déficit habitacional no Brasil, que hoje é de 7
milhões de moradias. Ele acrescentou que a regulamentação prevista no
projeto é urgente tendo em vista que o Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) do governo prevê investimentos da ordem de R$ 100 bilhões para
habitações populares.
Municípios
O relator do projeto, deputado Renato Amary (PSDB-SP), disse que as
discussões já avançaram bastante e que vai fazer um relatório escutando os
interessados. Ele também considera importante a simplificação da legislação,
principalmente para atender os municípios. "Muitos municípios não possuem
estrutura administrativa para seguir tudo que uma lei exige", explicou.
Consenso x polêmica
Santos acredita no consenso para votação, em breve, do projeto 20/07.
Segundo ele, somente o artigo 77 do texto, que trata da inadimplência e das
garantias aos consumidores, tem gerado resistência por parte dos empresários
do setor. Santos disse que é preciso cuidado para que as pessoas não percam
o que já investiram.
O representante do Ministério Público Federal (MPF) Mário José Gisi sugeriu
que a comissão ouça também o Ministério Público de São Paulo, área onde há
mais conflitos urbanos e onde a Justiça mais atua.
O representante do Fórum Nacional de Reforma Urbana Nelson Saule pediu
modificações na proposta para atender as necessidades da população de baixa
renda. Em sua avaliação, privilegiar os empreendimentos que atendem as
classes mais pobres será a melhor forma de se manter as áreas de preservação
ambiental intactas. Saule, no entanto, considerou um ponto importante do
projeto o reconhecimento do conjunto de assentamentos informais existentes
nas cidades.
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