Marcelo Ramos
Belo Horizonte tem 207 mil
imóveis e 12 mil lotes sem licenciamento. É o que mostra uma cartilha
elaborada pela vereadora Neusinha Santos (PT). O documento está sendo
lançado para estimular os proprietários de imóveis irregulares a se
adequarem à lei. No ano passado, foi aprovada legislação que facilita a
obtenção da Certidão de Baixa de Construção e Habite-se.
Segundo o documento, o processo de regularização beneficia o proprietário de
acordo com o valor do imóvel. Até R$ 30 mil, o dono recebe visita de
profissionais da PBH que fazem projeto arquitetônico de graça e expedem a
documentação sem cobrança de taxa. Entre R$ 30 mil e R$ 50 mil, o dono
precisa contratar um arquiteto ou engenheiro para elaborar o projeto, mas
fica isento de taxas.
Por fim, para imóveis acima de R$ 50 mil, o proprietário deve arcar com
todas as despesas. Para ser favorecido pela nova lei, as construções
precisam ter paredes erguidas e cobertura concluída antes de 19 de janeiro
de 2005. Imóveis localizados em áreas de risco não serão contemplados pela
lei.
A Secretaria de Regulação Urbana não tem um balanço definitivo das
construções e loteamentos na Capital, já que muitas obras em andamento não
requisitaram ainda a Certidão de Baixa de Construção e Habite-se. No
entanto, considerando-se o número de guias de IPTU emitidas em 2007,
chega-se a uma estimativa de 660 mil imóveis.
De acordo com a geógrafa Rejane Moura, especialista em planejamento
ambiental urbano, que fez parte da equipe que elaborou a cartilha, as
irregularidades vão desde loteamentos a ‘puxadinhos‘. ‘Muitas vezes são
feitas demarcações em glebas (terrenos grandes sem loteamento), sem
autorização da prefeitura, e os lotes são vendidos sem documentação regular.
Com isso, o proprietário fica apenas com o contrato de compra e venda, mas
não tem a escritura‘, explica.
Segundo a corretora de imóveis Lídia Rafaela Lana, a lei é uma iniciativa
excelente, pois, pelo alto custo dos gastos com contrato de profissionais e
taxas, muitos donos de imóveis não conseguem se regularizar. ‘O Habite-se
valoriza o imóvel, por exemplo, se uma casa custa R$ 50 mil, com a certidão,
o dono pode pedir até R$ 65 mil, que consegue fechar negócio, diz.
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