Cerco aos inadimplentes
Isabella Souto
O governo mineiro está fechando o cerco aos inadimplentes. No início do mês
a Advocacia Geral do Estado (AGE) encaminhou aos cartórios o primeiro lote
de certidões da dívida ativa (CDA) de até R$ 15 mil em ICMS, R$ 10 mil em
IPVA e ITCD e R$ 5 mil referentes às demais taxas e impostos. Os devedores
serão intimados pelos cartórios para quitar o débito. Caso não cumpram com a
obrigação, terão o título protestado e o nome incluído no Cadastro
Informativo de Inadimplência (Cadin-MG) – que tem como sanções o impedimento
de participar de licitações, contratar com o poder público e realizar
operações de financiamento bancário.
A nova modalidade de cobrança foi instituída pela Lei 19.971/11 e é apontada
como uma alternativa mais rápida e barata para o Estado tentar reaver os
créditos tributários, que somam atualmente cerca de R$ 30,8 bilhões. Esse
dinheiro é conhecido como “crédito podre” pela dificuldade em ser recebido.
Uma vez configurado o débito, o governo tenta uma negociação administrativa
– que pode levar até dois anos. Não havendo sucesso, o crédito é inscrito na
dívida ativa e encaminhado à AGE para a cobrança judicial. Em razão do custo
de uma ação muitas vezes superar o do crédito a receber, ficou estabelecido
o valor mínimo para que seja adotada a via judicial.
Embora geralmente o Judiciário reconheça o crédito do Estado, não é fácil
reaver o dinheiro. Os entraves começam pela demora na tramitação das ações e
vão até a dificuldade em encontrar o credor ou bens que possam ser
penhorados. Para se ter uma ideia, ao longo de 2011 foi arrecadado apenas
1,65% do total da dívida ativa mineira, ou cerca de R$ 400 milhões. E desse
valor, R$ 213 milhões foram parcelados. O tempo médio entre o ajuizamento do
processo judicial e o pagamento dívida tem sido de até 11 anos, isso porque
muitas ações – especialmente aquelas envolvendo grandes empresas – costumam
chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), última instância do Judiciário.
Uma outra alternativa para receber o dinheiro é a adoção de programas de
anistia com o perdão de juros e multas aplicadas ao valor principal. A
última anistia concedida em Minas Gerais foi em 2010 e arrecadou R$ 1
bilhão, o equivalente a 20% do valor negociado. Hoje, o principal da dívida
é de R$ 5,85 bilhões, enquanto juros, multas e correção somam pouco mais de
R$ 24 bilhões.
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