Pelo menos 5% das vagas de concursos públicos poderão ser destinadas a
candidatos com mais de 60 anos, ressalvados os casos em que a natureza do
cargo impedir essa cota. É o que prevê proposta que poderá estar na pauta da
próxima reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ),
prevista para ocorrer no dia 6 de outubro.
O Estatuto do Idoso (Lei
10.741/03) já veda a fixação de limite máximo de idade como quesito para
admissão em emprego público, ressalvadas as situações em que a natureza do
cargo o exigir. O que o autor do projeto (PLS
60/09), senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), propõe é acrescentar
a essa lei a reserva da cota para pessoal com mais de 60 anos, o que,
segundo argumenta, beneficiará a sociedade "pela contribuição social e
profissional que pessoas mais maduras e experientes podem oferecer".
Ele explica ainda que boa parte dos idosos são hoje chefes de família, com
renda média, inclusive, superior aos lares chefiados por não idosos. Em sua
argumentação, Valadares cita estimativa indicando que, em 2020, 13% da
população do país terá mais de 60 anos, o que representará um contingente em
torno de 30 milhões de pessoas. Para o senador, garantir trabalho aos idosos
é uma forma de preparar a sociedade para o crescimento desse segmento. "Não
é admissível deslocar o problema para o futuro e não tomar medidas desde
logo", alerta Valadares.
O senador por Sergipe registra ainda que a Constituição federal (art. 37) já
determina reserva de vagas para pessoas com deficiência em concursos
públicos, direito regulamentado pela
Lei 8.112/90, a qual fixa cota de até 20% do total de vagas em disputa.
Em seu voto favorável, a relatora, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), concordou
com Valadares sobre a necessidade de proteção ao crescente contingente de
idosos brasileiros. "Crescimento esse que é uma tendência claramente para os
anos vindouros", frisou ela.
Para Lúcia Vânia, o projeto dá ainda esperança às pessoas da terceira idade,
as quais, por falta de emprego disponível, enfrentam problemas com
"frustração e baixa autoestima".
O projeto já foi aprovado na Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa (CDH). Se for aprovado na CCJ e não houver recurso para que
seja votado em Plenário, seguirá para análise da Câmara dos Deputados. |