iA Comissão Especial sobre Parcelamento do
Solo concluiu, nesta quarta-feira, a votação do substitutivo do deputado
Renato Amary (PSDB-SP) ao
PL 3057/00 com a rejeição do último destaque ao texto, que havia sido
aprovado em 21 de novembro. Após mais de sete anos de discussão, a proposta
vai agora ao Plenário da Câmara, onde uma série de itens polêmicos deve
voltar ao debate.
Entre eles, está o que prevê a restituição dos valores pagos por um imóvel
no caso de o comprador rescindir o contrato de compra. Pelo texto do
relator, o consumidor terá direito a receber de volta o que pagou,
descontados alguns itens, como a vantagem econômica que ele obteve durante o
tempo em que usufruiu do imóvel, a chamada fruição, calculada com a
aplicação de um índice de 0,5% ao mês sobre o valor do imóvel previsto em
contrato.
Alguns integrantes da comissão temem que isso prejudique o consumidor. É o
caso do deputado Celso Russomanno (PP-SP), que queria a retirada desse item
do texto. No entanto, o destaque apresentado para supressão do dispositivo
foi rejeitado nesta quarta-feira.
Russomanno avisou que vai questionar o resultado. Segundo ele, normas
regimentais foram descumpridas ao longo do processo de votação dos destaques
ao relatório de Amary. O deputado apresentou
questão de ordem reclamando do acréscimo ao substitutivo de itens que
não haviam sido votados no texto principal. Russomanno afirmou que, se a
questão de ordem não for acatada, ele vai recorrer ao Plenário, "o que vai
trazer de volta o projeto à estaca zero".
Consenso
O relator negou que o regimento tenha sido descumprido. Ele afirmou que a
condução dos trabalhos foi acompanhada pela assessoria técnica da Câmara,
além de resultar de um consenso entre a maioria dos integrantes da comissão.
Renato Amary disse ainda que, em Plenário, aqueles que discordarem do texto
poderão apresentar emendas.
"O que importa é votar o mais breve possível para normatizar essa lei de
responsabilidade territorial e dar início, de uma forma mais célere, à
regularização fundiária", ressaltou.
Amary destacou que a nova lei vai beneficiar pessoas que hoje moram em
favelas, cortiços e à beira de córregos e rios, correndo risco de vida e com
problemas sérios de saúde e de acesso a educação, lazer e cidadania.
Responsabilidade dos municípios
Com mais de 130 itens, o projeto da Lei de Responsabilidade Territorial
Urbana prevê que o município será o responsável pela concessão da licença
urbanística e ambiental de parcelamentos. O substitutivo de Renato Amary
proíbe o uso de áreas alagadiças ou sujeitas a inundação, de locais
contaminados ou onde não houver como implementar infra-estrutura urbana.
Entre os destaques aprovados anteriormente pela comissão, o mais polêmico é
o que prevê limites para a manutenção dos chamados loteamentos fechados:
eles poderão ser autorizados pelos municípios sem restrições durante um
período de transição de três anos. Depois disso, terão que seguir as regras
impostas aos condomínios urbanísticos e deverão manter 10% de sua área
reservada para uso público.
|