Brasília – O governo considera “satisfatório” o texto do Código Florestal
apresentado na Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado nessa segunda-feira
(21), e agora trabalha para que a bancada ruralista não inviabilize os
avanços com novas emendas, disse o secretário de Biodiversidade e Florestas
do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias. Ele participou de audiência
pública na Procuradoria-Geral da República (PGR) para tratar do tema.
De acordo com Dias, o governo assumiu postura realista diante de uma reforma
que se mostrou inevitável com a iniciativa do Congresso. “Aceitamos negociar
os passivos, desde que a preservação futura seja mantida. É claro que essa
proposta de agora não é o ideal para o governo, mas pelo menos é
satisfatória no sentido de evitar novos desmatamentos”, explicou o
secretário à Agência Brasil.
Durante a audiência, Dias lembrou que o texto teve vários avanços no Senado,
como o estabelecimento de critérios para aceitar a intervenção em áreas de
preservação permanente (APPs) – utilidade púbica, interesse social e baixo
impacto -, assim como a exigência de recuperação, entre 15 e 100 metros, de
vegetação à beira de rios em ocupações rurais consolidadas dentro de APPs.
“Não está pacífico ainda, vamos ver qual a reação a essas propostas. Há
resistências em setores mais radicais, mas esperamos que prevaleça o
consenso, especialmente entre os senadores e os deputados. Até porque depois
esse texto retorna à Câmara, e eles podem rejeitar tudo o que foi aprovado
ao Senado, se entenderem que o projeto não atende às preocupações
socioeconômicas dos deputados”, ponderou.
O secretário também acredita que um avanço significativo no texto do Senado
é a inserção de incentivos econômicos em troca de serviços ambientais. Ele
elogiou o fato de que a proposta de Viana não tenha entrado em detalhes
sobre como será o programa. “É preciso equilíbrio entre o papel do Congresso
e o do Executivo. Nós temos que tomar cuidado de não aprovar alguma coisa
que leve o país à falência”.
O texto do Código Florestal apresentado por Viana dá 180 dias, a partir da
publicação da lei, para que o governo estabeleça programa de apoio e
incentivo à preservação e recuperação do meio ambiente. Dias acredita que a
prioridade do programa de recompensas será a preservação da água. “Há grande
potencial de se caminhar nessa direção”, assinalou.
O representante do governo reafirmou que a presidenta Dilma Rousseff está
firme na proposta de vetar qualquer alteração no texto que signfique novos
desmatamentos. “O que se está trabalhando no Senado é tentar inserir essa
ideia por negociação política, onde se possa fazer prevalecer o bom senso,
para que a presidenta não tenha o desgaste de fazer veto e correr o risco de
que isso seja enfrentado pelo Congresso”.
Os membros da CMA terão até as 18h desta terça-feira (22) para apresentar
novas emendas ao texto. A previsão é que a matéria seja votada amanhã (23)
pela comissão.
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