O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) decidiu adotar o dia 25 de outubro como
o Dia Nacional de Mobilização pelo Registro Civil, criado pelo Governo
Federal. O Conselho deve recomendar aos Tribunais de Justiça de todo o país
a realização de campanhas e mutirões para garantir a certidão de nascimento
a todas as crianças nascidas nos respectivos Estados. A decisão foi aprovada
por unanimidade pelo plenário do CNJ durante a 68ª sessão ordinária do CNJ,
realizada na terça-feira (26/08). O CNJ quer ainda que os tribunais
assegurem a fiscalização da gratuidade dos registros.
A relatora do processo, conselheira Andréa Pachá, disse que o registro civil
de nascimento é um passo fundamental para vida em sociedade. "A certidão
abre as portas ao exercício de todos os direitos. Entretanto, o registro
civil, em algumas regiões do país, tornou-se um problema social".
O Pedido Providências (PP nº 200810000017182) foi feito ao CNJ pela
psicóloga Rachel Cheriti Klang, preocupada com a situação das crianças e
adolescentes carentes nascidos no Brasil, em especial nas regiões Norte e
Nordeste. Entre as alegações, cita que a ausência do registro configura
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, com
base no artigo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente.
A conselheira propôs que o texto da recomendação contemple também que os
Tribunais incentivem as Varas de competência para o registro, podendo
realizar parcerias com as secretarias municipais; sociedade civil
organizada; Organizações Não-Governamentais e associações de notários e
registradores. "Podendo os tribunais levar o registro civil para dentro das
maternidades".
Os Conselheiros vão incluir na agenda de atividades do CNJ o dia 25 de
outubro como o Dia Nacional de Mobilização pelo Registro Civil para que
todos os órgãos do Poder Judiciário participem de um mutirão concentrado de
registros de nascimentos. Todas as propostas serão encaminhadas à Comissão
de Acesso à Justiça, Juizados Especiais e Conciliação do CNJ com o objetivo
de criar essa Campanha Nacional. A intenção é divulgar a importância de se
ter a certidão de nascimento e a gratuidade da mesma.
A conselheira Andréa Pachá afirma que o registro de nascimento é um meio
eficaz para a proteção das crianças contra o trabalho infantil. "A ausência
do registro impossibilita a comprovação da idade exata da criança. Segundo
ela, a certidão protege contra o tráfico de pessoas. "Caso não registradas,
dificilmente poderão ser rastreadas pela Justiça".
Breve histórico - Em seu voto, a conselheira Andréa Pachá fez um relato
sobre a história do registro civil de nascimento. Ela lembrou que "o Código
Civil de 1916 manteve a cargo dos cartórios o registro de nascimentos,
casamentos e óbitos e os registros públicos foram disciplinados pela Lei
4.827/24. Antes da Constituição de 88 só a certidão de casamento era
gratuita, hoje é assegurada gratuidade também a certidão de nascimento.
|