Marcus Vinícius Valpassos -
Economista da Galanto Consultoria;
Carlos Eduardo Fleury - Diretor-executivo do Irib;
João Bosco Segreti - Diretor da Sam consultoria.
Faltam articulação e planejamento no pacote habitacional, alertam
especialistas. Mas há quem acredite que um milhão de casas seria uma meta
até factível, caso houvesse agilidade na desoneração fiscal e na aprovação
dos projetos. Para Carlos Eduardo Fleury, diretorexecutivo do Instituto de
Registro Imobiliário do Brasil (Irib), porém, o dever de casa não têm sido
feito: — Para um projeto desses, é preciso identificar áreas de construção e
de legalização, formas de comprometer o mutuário com o pagamento da
prestação, mecanismos de cobranças...
Sem isso, o risco é virar uma bolsa-casa — diz Fleury, ex-consultor jurídico
da Associação Brasileira de Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip).
Ex-executivo de habitação de banco, João Bosco Segreti, diretor da Sam
Consultoria, teme que o fundo garantidor para inadimplentes repita o fiasco
do extinto Fundo de Compensação de Variações Salariais (FCVS), criado na
época de inflação alta, e que desestruturou as operações de financiamento
imobiliário: — Quando o FCVS foi criado, o índice de inflação projetado era
90% ao ano, um absurdo na época. Chegamos a mais de 2.000% ano. É preciso
impor limites a esse fundo para não termos novos esqueletos.
Para o economista Marcus Vinícius Valpassos, da Galanto Consultoria, o
governo poderia construir um milhão de casas em dois anos. Mas, para tanto,
seria essencial cortar impostos de materiais e das construtoras. E teria de
garantir, com os municípios, uma via expressa de aprovação dos projetos.
Valpassos concorda que a Tabela Price é o melhor sistema de amortização para
incluir mais candidatos à casa própria: — A questão da Price é que o saldo
devedor demora a cair, o que poderia levar a inadimplência, caso ficasse
maior do que o valor da casa.
Mas essa parcela da população não faz esse tipo de avaliação. (Luciana
Casemiro)
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