Bucareste, 30 out (EFE)- Acabou a festa na Romênia para aqueles pais
criativos e originais que batizavam seus filhos com nomes inusitados como 'Paracetamol',
'Semáforo', 'Médico' e 'Mariano Monamour'.
O novo Código Civil, que entrou em vigor no país balcânico no início do mês,
não vai mais tolerar crianças com nomes cômicos e estranhos por caprichos de
seus pais.
O artigo 84, parágrafo inciso 2, proíbe os funcionários civis do Estado a
dar 'nomes indecentes, ridículos e outros que possam afetar a ordem pública,
os bons costumes e os interesses da criança'.
Além da óbvia subjetividade do gosto de cada um, parece claro que a nova
norma entra em vigor justamente para impedir nomes como Hitler, Lixo e
Mamilo, alguns dos mais raros que figuram no Anuário Estatístico da Direção
Geral de Evidência e entre os citados na imprensa local.
Mas a ambiguidade da expressão 'nomes indecentes, ridículos e outros que
afetem a ordem pública, os bons costumes e os interesses da criança' já é
motivo de uma nova polêmica.
Juízes como Cristi Danilet, membro do Conselho Superior da Magistratura (CSM),
deverão decidir caso haja alguma dúvida na escolha do nome da criança.
A juíza explicou ao jornal 'Adevarul' que não está claro o 'que significa
'indecente' e 'ridículo'', mesma opinião de outros funcionários do órgão,
como Adrian Toma.
De acordo com o anuário de 2010 do Governo, existiam no país balcânico 611 'Toronegro'
(Bounegru), 581 'Morto' (Mortu), três 'Colhão' (Coi), além de alguns 'Tolo'
(Prostu).
Mais solenes e graves são os nomes dedicados às instituições do Estado e aos
profissionais de serviço público, caso de: 'Justiça' (Justitia), 'Polícia' (Politia)
e 'Gendarmaria' (Jandarmeria), que como 'Bombeiro' (Pompierul) e
'Ambulância' (Ambulanta), podem marcar a vocação profissional da criança.
E se a intenção for encaminhar a criança na carreira profissional é melhor
seria dar nomes como 'Presidente' (22 casos) ou 'Ministro'.
O futebol também aparece como outra fonte de inspiração para os pais
criativos e, agora, censurados. O ex-jogador Vasile San Siro Ciocoi (em
homenagem ao estádio da Inter de Milão e do Milan) mostrou à imprensa seu
orgulho por ter este nome em mais de uma ocasião e, inclusive, batizou seu
filho de 'San Siro' para que leve o nome ainda mais longe.
Ainda sobre esportes, destacam-se muitos 'Beckham', 'Figo', 'Zidane' e, até
mesmo, 'Joaca-Bine' (Joga bem). Outros, como o pai de 'Superman' Sava, já
preferem escolher os super-heróis para batizar seus filhos.
Existem muitas opções para escolher o nome de um filho. Entre os mais
diferentes está 'Mariano Monamour' (Mariano Meu Amor, do francês), uma
verdadeira declaração de amor ao recém-nascido.
Os nomes agora proibidos pelo novo Código Civil são especialmente populares
em algumas comunidades ciganas da Romênia. 'Queriam colocar o nome de Íon.
Mas, ao ver a criança vestida de branco logo após seu nascimento, acharam
que a cor vestia muito bem e decidiram chamá-lo de 'Médico'', conta à
Agência Efe um parente da 'vítima'.
A proibição dos nomes estranhos pode ter desagradado aos pais mais criativos
e originais, mas são muitos os que aplaudiram essa iniciativa, pelo bem das
crianças e da estética pública. É o caso do deputado e músico Madalin Voicu,
uma das figuras públicas ciganas com mais projeção social e prestígio dentro
de sua comunidade e fora dela.
'Quando os pais colocam esses nomes, as crianças ficam marcadas pelo resto
da vida', explica Voicu à imprensa. 'Se chamam um filho de 'Ministro',
'Vitrine' e 'Paracetamol', além de surpreender as pessoas, também fazem com
que as pessoas observem como certa lástima essas crianças, que para sempre
serão chamadas assim'. EFE
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