Apesar de tênue, uma luz
ilumina o túnel da burocracia, tentando aclarar o caminho para uma saída que
não necessite de petições e muitas idas e vindas a prédios públicos e
cartórios. Ações desenvolvidas nos últimos meses pelos governos federal,
estaduais e municipais trazem um pouco mais de ânimo, avaliam os
especialistas. Uma das mais recentes é a nova lei do divórcio, que permite a
realização de separações judiciais e divórcios em cartórios para casais sem
filhos ou de forma amigável.
Até janeiro, quando a lei foi sancionada, separações e divórcios só podiam
ser feitos na Justiça, onde uma separação judicial amigável leva em média
dois meses, segundo o advogado Bernardo Botelho de Vasconcelos,
especializado em Direito de Família. No cartório, com todos os documentos, é
possível o casal sair separado em uma tarde. Só os casos em que há filhos e
divisão de bens ainda têm que ser levados às Varas de Família.
O presidente da Associação dos Notários e Registradores do Brasil (Anoreg),
Rogério Portugal Bacellar, é otimista. Diz que os cartórios — 21 mil no país
— têm se atualizado. Cita a integração dos serviços e a criação do cartório
24 horas, pelo qual pode-se requisitar certidões e recebê-las em casa. No
entanto, os cartórios 24 horas não passam de cinco em todo país.
O tabelião substituto do Cartório do 4º Ofício de Notas de Brasília, Luiz
Feitosa dos Santos, também diz que os cartórios estão procurando se
desburocratizar. Mesmo porque a lei já garante que a espera pelo atendimento
não pode superar 30 minutos. Se isso ocorrer, a pessoa pode ir ao Procon.
No caso das empresas, um pequeno alívio veio com a aprovação do Super
Simples, que ampliou a possibilidade de pequenas empresas aderirem ao
programa de facilitação tributária: o empresário paga todos impostos com
alíquota única.
Outra ação são os convênios feitos pela Receita Federal com estados para a
criação do cadastro sincronizado, que permite o uso do Cadastro Nacional de
Pessoa Jurídica (CNPJ) como identificador do ICMS e de obrigações
municipais. Isso significa que o empresário não precisa pedir a diferentes
órgãos para abrir ou fechar sua empresa.
— Essa racionalização diminui a burocracia e dá confiabilidade — afirmou o
secretário -adjunto da Receita Federal, Paulo Ricardo Cardoso.
O cadastro sincronizado já funciona em São Paulo e na Bahia e, para o Rio, a
expectativa é de que no segundo semestre já esteja valendo. Com ele, a
liberação do CNPJ para a abertura de uma empresa pode ser reduzido para algo
entre três a quatro dias úteis. Hoje, o processo pode levar até 60 dias.
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